SOLITUDE ON GUITAR

Baden Powell (1971)

1971
CBS
Crítica

Cotação:

Agora relançado pela coleção Columbia Raridades, este disco de Baden Powell, gravado em 1971 em Frankfurt, na Alemanha, é de uma época em que o violonista desfrutava de grande prestígio internacional. Excursionava pela Europa com desenvoltura e já era dono de uma boa discografia editada na França. Este foi o primeiro resultado de seu contrato milionário assinado com a CBS, que acabou não dando muito certo, já que Baden só gravou este e mais um disco (Grandezza on Guitar) pela gravadora.

Solitude vem com um repertório eclético - não se trata de uma seleção de "grandes sucessos" do compositor. Ao contrário, as únicas músicas conhecidas são assinadas por outros. Na primeira faixa, Introdução ao Poema dos Olhos da Amada, de Vinicius de Moraes ("Ó minha amada/Que olhos os teus"), sozinho ao violão, Baden mostra seu lado concertista, muito mais clássico do que popular, com o som absolutamente límpido, preciso, mas sem grandes floreios, sem rasqueados. O suingue e o balanço vêm em enxurrada na faixa 2, Chará (acompanhada pela bateria de Joaquim Paes Henrique), a primeira das seis "improvisações" do disco, que nunca mais seriam regravadas - nem tampouco lembradas pelo próprio autor. As outras são Na Gafieira do Vidigal, Solitário, Fim da Linha, Brasiliana e Márcia, Eu Te Amo, esta última composta para a namorada Márcia, que estava no Brasil. Baden morria de saudades dela e as matava compondo. Márcia, Meu Amor e Saudades de Márcia foram compostas e gravadas na mesma época, em outros discos.

Na Gafieira do Vidigal é possivelmente apenas um nome pensado ao acaso, pois de gafieira a música - ótima, por sinal - tem muito pouco, enquanto o tema de Fim da Linha parece um esboço do genial Samba Novo que Baden comporia mais tarde. Já Brasiliana traz ecos das composições do violonista Garoto (1915-1955), em sua singeleza contundente, explorando com carinho todas as nuanças do violão. As versões são um capítulo à parte, pelo amplo espectro que abrangem. Há dois Tons Jobins, Se Todos Fossem Iguais a Você (Tom/ Vinicius) e Por Causa de Você (Tom/ Dolores), esta última mais emocionante. O baixista alemão Ebehard Weber, que toca também em Márcia, Eu Te Amo, contribui com Bassamba, que, solado pelo contrabaixo, deixa claro que "tem alemão no samba". Kommt ein Vogel Geflogen, canção do folclore germânico, vem da maneira mais pura e tradicional, com pouco mais de um minuto e meio de duração, numa bela interpretação. Nada que se compare aos dois minutos de The Shadow of Your Smile (Johnny Mendel), que por si só já valeria o disco, por trazer o Baden inigualável, perfeito na técnica e interpretação, um mestre.(Nana Vaz de Castro)
Faixas
Ouvir todas em sequência
1 Introdução ao Poema dos Olhos da Amada Ouvir
(Baden Powell, Vinicius de Moraes, Paulo Soledade)
2 Chará Ouvir
(Baden Powell)
3 Se todos fossem iguais a você Ouvir
(Tom Jobim, Vinicius de Moraes)
4 Márcia, eu te amo Ouvir
(Baden Powell)
5 Na gafieira do Vidigal Ouvir
(Baden Powell)
6 Kommt ein Vogel geflogen Ouvir
(Tradicional)
7 Fim da linha Ouvir
(Baden Powell)
8 The shadow of you smile Ouvir
(Johnny Mandel)
9 Brasiliana Ouvir
(Baden Powell)
10 Bassamba Ouvir
(Eberhard Weber)
11 Por causa de você Ouvir
(Dolores Duran, Tom Jobim)
12 Solitário Ouvir
(Baden Powell)
 
SOLITUDE ON GUITAR