ACÚSTICO MTV

Cidade Negra (2002)

2002
Crítica

Cotação:

Não adianta Toni Garrido vir com retórica furada para justificar a existência deste Acústico. Muito se ouviu o vocalista falando sobre "projeto com formato legal" ou "o mercado não pesou em nossa decisão". O Cidade Negra abraçou alegremente o disco com o selinho da MTV de olho, sim, no gás nas vendas que artistas como Cássia Eller e o Capital Inicial conseguiram em suas empreitadas. Nada de mais; eles são músicos profissionais e precisam vender seu peixe. Não haveria, portanto, necessidade de se camuflar a real natureza do CD: uma coletânea de grandes sucessos levemente retocados, para tapar o buraco até o próximo álbum de inéditas do grupo. Logo, o disco já provoca desconfiança por suas intenções nebulosas. O pé atrás aumenta quando se constata que, na verdade, pouquíssima coisa mudou entre as versões de estúdio e os registros acústicos (sic) aqui presentes. Então, o que sobra?

Sobra uma versão em português de Johnny B.Goode, com letra supostamente engajada e arranjo copiado da versão de Peter Tosh. Sobra também Gilberto Gil, pontuando na sua própria Extra - com a voz cansada, nuns "io-io-io" que causariam bocejos a Bob Marley. Assim como "cansado", ainda que extremamente profissional, pode ser chamado o resultado final deste Acústico. Não há sequer cheiro de "despojamento" na performance do Cidade, que se esmera em recriar fielmente - com requintes extras - as versões de estúdio. Sucessos enfileirados, regravados com a assepsia necessária (o som é cristalino demais, cheirando a retoque intensivo em estúdio). para não espantar a freguesia. Para não dizer que vieram à toa, O Erê ganhou um andamento mais cadenciado, e Onde Você Mora ficou mais arrastadinha. O que já é mais do que o suficiente, pois quem compra a grife Acústico MTV não quer desafios. E o mesmo pode ser dito dos fãs do Cidade Negra.(Marco Antonio Barbosa)
 
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