MINHA LONGA MILONGA
Cláudio Levitan (1900)
1900
Independente
LEV002
Crítica
Cotação:
À primeira vista, o massacre de 2 mil judeus por nazistas, numa pequena cidade da Lituânia, em 1941, seria um tema mais apropriado para um filme ou um livro. Mas o compositor gaúcho Cláudio Levitan preferiu apostar na emoção de suas canções, ao resgatar a história do trágico episódio que envolveu membros da sua família. Combinando textos recitados e canções, baseadas na tradição musical platina, Levitan assume o papel simultâneo de narrador e intérprete. Melancolia, saudade e indignação misturam-se nas canções e nos textos, todos eles perpassados pelo sentimento doloroso da perda. "Minha longa milonga me leva pra longe de mim / minha longa milonga não deixa eu me perder na dor / minha longa milonga traz o lodo do tempo", suplica o autor, na canção que dá nome ao disco. Títulos de outras faixas, como Cordas e Espinhos, Silêncio ou A Resposta Não Virá, já dizem quase tudo.
Tratar de um assunto tão trágico e emocional poderia facilmente transformar o disco numa obra pesada e melodramática. Mas os criativos arranjos de Arthur de Faria, em boa parte inspirados na alegria melancólica da música klezmer, conseguem injetar uma carga de vivacidade até nos versos e textos mais tristes. O fato de lidar com uma instrumentação que às vezes lembra música cigana ou circense (combinando basicamente acordeon, violino, clarinete, sax alto, violão, baixo e bateria) não impedem Faria de ousar. A atmosfera dramática de Silêncio cresce com uma guitarra distorcida, quase roqueira. Passos sobre a Mesa ganha mais expressividade, graças a um fagote. Feliz também é o arranjo de Reunidos por uma Noite, que fecha o disco, acertadamente, em clima de festa. Parceiros numa obra corajosa, que combina tradição e invenção, Levitan e Faria mostram que o resto do Brasil precisa ficar muito mais atento à música de altíssimo nível produzida hoje no Rio Grande do Sul.(Carlos Calado)
Tratar de um assunto tão trágico e emocional poderia facilmente transformar o disco numa obra pesada e melodramática. Mas os criativos arranjos de Arthur de Faria, em boa parte inspirados na alegria melancólica da música klezmer, conseguem injetar uma carga de vivacidade até nos versos e textos mais tristes. O fato de lidar com uma instrumentação que às vezes lembra música cigana ou circense (combinando basicamente acordeon, violino, clarinete, sax alto, violão, baixo e bateria) não impedem Faria de ousar. A atmosfera dramática de Silêncio cresce com uma guitarra distorcida, quase roqueira. Passos sobre a Mesa ganha mais expressividade, graças a um fagote. Feliz também é o arranjo de Reunidos por uma Noite, que fecha o disco, acertadamente, em clima de festa. Parceiros numa obra corajosa, que combina tradição e invenção, Levitan e Faria mostram que o resto do Brasil precisa ficar muito mais atento à música de altíssimo nível produzida hoje no Rio Grande do Sul.(Carlos Calado)
Faixas