É SÓ VOCÊ DEIXAR
Edmon Costa (2001)
Crítica
Cotação:
A black music brasileira está em plena ebulição, com novos talentos sendo revelados (Paula Lima, Seu Jorge, Jairzinho de Oliveira, Luciana Mello) e outros antigos sendo redescobertos (Gerson King Combo, Bebeto). Neste contexto de tanta inovação, o cantor Edmon Costa (que tem mais de dez anos de carreira) soa um tanto convencional, ligado demais no padrão macio do rhythm'n'blues importado dos EUA. Essa declarada opção pelos clichês sonoros tira o impacto de É Só Você Deixar, quarto álbum do cantor. Mas, no mais, é um disco que se deixa ouvir sem maiores dores.
A filiação de Edmon à matriz black americana se evidencia logo na primeira faixa - Tenho Você, versão de Always, sucesso do grupo Atlantic Starr. Ou seja, a onda do cantor é o funk-soul "charmeiro", romântico, sem muito espaço para batidas dançantes - o famigerado mela-cueca. Outras influências ianques, menos óbvias, pipocam aqui e ali, como em Eu Sem Você, com um arranjo à la Gregory Abbott (lembram do hit dos anos 80 Shake You Down?), ou na setentona Vem Cá, que com seus vocais em falsete e seu baixo sintetizado, parece inspirada em Got To Give Up, de Marvin Gaye. Recorre mais uma vez à versão, transformando Oh Girl em Fui Eu. Bem ou mal, Edmon tem boa voz e legítimo cacoete de crooner black. Não passa vergonha na comparação com seus inspiradores, ainda que a economia nos arranjos predominantemente sintetizados empobreça um pouco o resultado final. A ficha técnica confirma: produção de Arnaldo Saccomani, e alguns arranjos assinados por Lincoln Olivetti.
Mas o cantor não nega também ter sido influenciado pela música negra nacional, homenageando Tim Maia em uma recriação quase sem novidades de Leva. Reverente ao registro original, ele acaba inserindo um trechinho em formato de rap ao final da canção de Sullivan/Massadas. Outro piscadela à cena nacional é Numa Boa, decalque descarado de Claudinho & Buchecha (o que não é nem de longe uma ofensa). O caldo do romantismo só entorna mesmo em Quer Me Machucar, quase digna dos pagodeiros bregas. Aí machuca mesmo.(Marco Antonio Barbosa)
A filiação de Edmon à matriz black americana se evidencia logo na primeira faixa - Tenho Você, versão de Always, sucesso do grupo Atlantic Starr. Ou seja, a onda do cantor é o funk-soul "charmeiro", romântico, sem muito espaço para batidas dançantes - o famigerado mela-cueca. Outras influências ianques, menos óbvias, pipocam aqui e ali, como em Eu Sem Você, com um arranjo à la Gregory Abbott (lembram do hit dos anos 80 Shake You Down?), ou na setentona Vem Cá, que com seus vocais em falsete e seu baixo sintetizado, parece inspirada em Got To Give Up, de Marvin Gaye. Recorre mais uma vez à versão, transformando Oh Girl em Fui Eu. Bem ou mal, Edmon tem boa voz e legítimo cacoete de crooner black. Não passa vergonha na comparação com seus inspiradores, ainda que a economia nos arranjos predominantemente sintetizados empobreça um pouco o resultado final. A ficha técnica confirma: produção de Arnaldo Saccomani, e alguns arranjos assinados por Lincoln Olivetti.
Mas o cantor não nega também ter sido influenciado pela música negra nacional, homenageando Tim Maia em uma recriação quase sem novidades de Leva. Reverente ao registro original, ele acaba inserindo um trechinho em formato de rap ao final da canção de Sullivan/Massadas. Outro piscadela à cena nacional é Numa Boa, decalque descarado de Claudinho & Buchecha (o que não é nem de longe uma ofensa). O caldo do romantismo só entorna mesmo em Quer Me Machucar, quase digna dos pagodeiros bregas. Aí machuca mesmo.(Marco Antonio Barbosa)
Faixas