PESSOAL DO CEARÁ
Ednardo, Amelinha & Belchior / Amelinha / Ednardo / Belchior (2002)
2002
Continental
092743631-2
Crítica
Cotação:
A reunião de Ednardo, Amelinha e Belchior - que teve percalços atribulados até chegar a virar disco - desde sempre veio com o rótulo, óbvio, de "lado B do Grande Encontro". Para quem não lembra, o projeto em conjunto que Zé Ramalho, Alceu Valença e Elba Ramalho tocaram há alguns anos. O paralelo é claro, mas os pontos de partida e chegada são bem diferentes. Bem menos notória (comercialmente) que Ramalhos & Valença, a trinca de cearenses preferiu não arriscar neste (quase?) retorno, recriando seus "clássicos" de modo sanitizado, sem invenções. As conclusões que se pode tirar são contraditórias. A valorização do passado da trinca é totalmente válida; há grandes canções na história deles (especialmente na de Belchior), pérolas que não podem ser esquecidas. Por outro lado, a falta de vigor dos novos tratamentos que as músicas ganharam - e a falta mesmo de um propósito claro nesta formação temporã - tornam a empreitada questionável, a não ser que o ouvinte seja um fã desesperado.
A produção de Robertinho do Recife prefere o mínimo denominador, não deixando que os intépretes se derramem - mesmo quando as músicas clamavam por mais sangue. É o caso de Como Nossos Pais, que deveria ser o momento de maior emoção do disco - com os três juntos - mas ganha um arranjo esquálido, com sintetizadores edulcorados. A suavidade da interpretação dilui a força dramática de algumas das melhores músicas do disco, como a sempre bela A Palo Seco. Belchior, solo, ainda consegue escapar desta síndrome com sua interpretação peculiar para Alucinação. O som quase folk dado a Terral, que abre o disco, acaba dando as cartas para a maioria dos arranjos, com poucas variações. Medo de Avião, por exemplo, virou um estranho quase-forró de pique acelerado, com uma deslocada gaita (de Milton Guedes, claro); e um um tom agreste de baião enfeita Pavão Mysteriozo. As duas inéditas ficam apenas como enfeites de luxo no conjunto, nenhuma mostrando realmente o que cada compositor pode fazer. Belchior contribui com Bossa em Palavrões, que não é uma bossa, e sim um esdrúxulo pop-rock com letra cortante ("É posto à parte qualquer amador/ O amor é coisa pra profissionais") - posta a posta a perder pelo clima qualquer-nota da instrumentação. Ednardo compensa bem com Mote Tom e Radar e seu tom adequadamente rústico e resfolegante.(Marco Antonio Barbosa)
A produção de Robertinho do Recife prefere o mínimo denominador, não deixando que os intépretes se derramem - mesmo quando as músicas clamavam por mais sangue. É o caso de Como Nossos Pais, que deveria ser o momento de maior emoção do disco - com os três juntos - mas ganha um arranjo esquálido, com sintetizadores edulcorados. A suavidade da interpretação dilui a força dramática de algumas das melhores músicas do disco, como a sempre bela A Palo Seco. Belchior, solo, ainda consegue escapar desta síndrome com sua interpretação peculiar para Alucinação. O som quase folk dado a Terral, que abre o disco, acaba dando as cartas para a maioria dos arranjos, com poucas variações. Medo de Avião, por exemplo, virou um estranho quase-forró de pique acelerado, com uma deslocada gaita (de Milton Guedes, claro); e um um tom agreste de baião enfeita Pavão Mysteriozo. As duas inéditas ficam apenas como enfeites de luxo no conjunto, nenhuma mostrando realmente o que cada compositor pode fazer. Belchior contribui com Bossa em Palavrões, que não é uma bossa, e sim um esdrúxulo pop-rock com letra cortante ("É posto à parte qualquer amador/ O amor é coisa pra profissionais") - posta a posta a perder pelo clima qualquer-nota da instrumentação. Ednardo compensa bem com Mote Tom e Radar e seu tom adequadamente rústico e resfolegante.(Marco Antonio Barbosa)
Faixas