ÚNICA PESSOA
Ednardo (2000)
2000
GPA Music
GPA 2004 016-2
Crítica
Cotação:
É um disco de intérprete, sim, mas de um artista que estava há muito tempo e injustamente sendo deixado de lado do cenário. Não só como compositor, mas também como músico, Ednardo exerceu sobre a música brasileira uma significativa influência, cujo arco de abrangência pega do maranhense Zeca Baleiro ao punk-brega Wander Wildner. Em Única Pessoa, seu primeiro disco em uma década, pode se resgatar um pouco de sua aventura nos anos 70, que era a tentativa de desenvolver uma espécie de folk à brasileira, com letras bem pessoais e poéticas. Ela revive de certa forma na lírica Pedra da Lua (que tem um tempero de cítara), em Universo em Mim, na bluesy Sinal dos Tempos (que tem a participação de um inconfundível Belchior) e na faixa-título. Com uma produção que infelizmente não arrisca muito além dos padrões sonoros da MPB para FM light, Ednardo apresenta boa variedade de idéias no disco - há um quê de tango em Poema Imortal (de Lauro Maia e Humberto Teixeira), divagações poéticas em moldura blues-jazzística na faixa Dita (de Antônio Cícero e Orlando Moraes) e ritmos do Norte brasileiro em Da Minha Terra e Ave de Arribação. O maior risco que ele assume é ao reler o monumento de Chico Buarque, Futuros Amantes - a gravação convence, com sotaque mais pop e elegantes toques de sanfona e trumpete. O único senão do CD é que Ednardo talvez não seja o melhor intérprete para Noches de Ronda - tudo bem, é só uma faixa. Agradável, Única Pessoa não é assim um disco que vá mudar muita coisa na MPB, mas também não vai fazer feio entre o público de Ednardo - um gosto dos bons tempos restou.
(Silvio Essinger)
Faixas

1
Folia ou pressa

2
Pedra da lua

3
Sinal dos tempos

4
Da minha terra

5
Noche de ronda

6
Poema imortal

7
Ave de arribação

8
Universo em mim

9
Dita

10
Fruta boa

11
Futuros amantes

12
Única pessoa

