BOSSA NOVA
Emilio Santiago (2000)
Crítica
Cotação:
Como o jazz, sua co-irmã bossa nova virou grife de qualidade e teve dilatados seus limites estéticos. Cabem no repertório deste disco que leva o rótulo tanto o samba-exaltação Faixa de Cetim de Ary Barroso (incorporado por João Gilberto) quanto o samba-canção pré-bossa Aula de Matemática, parceria primeva de Tom Jobim com Marino Pinto. Há também pós-bossas como a ultralírica Naquela Estação (letra de Caetano Veloso e Ronaldo Bastos) contaminada pelo balanço intrínseco de João Donato, co-autor também da noviça Bateu Pra Trás, esta muito mais para balada/canção. Outra pós-bossa, Doce Viver (manifesto nostálgico dos bons tempos do movimento) agrega as assinaturas de Marcos Valle, Nelson Motta e do roqueiro Dé (ex-baixista do Barão Vermelho). O próprio Emílio Santiago com sua contenção vocal, emissão encorpada e destreza harmônica é um ilustre descendente da bossa. Só que ele aporta no gênero pelo lado do romantismo emoldurado em várias faixas por cordas luxuriantes (na maioria em arranjos de Cristóvão Bastos), marca indelével da batuta do maestro alemão Claus Ogerman nos discos americanos de Tom Jobim e João Gilberto. Reina o andamento lento, em detrimento do balanço da bossa. Clássicos como Corcovado, Manhã de Carnaval, Insensatez, Chuva e até A Felicidade tiveram o perfil (ainda mais) ralentado, aproximando-se da originalmente cancioneira (e bela) A Volta (Menescal/ Bôscoli). O que não quer dizer que Emílio economize suíngue em Você e Eu, Rio, Canto de Ossanha e até na inevitável (mesmo?) Garota de Ipanema. Último moicano dos grandes cantores da MPBzona, ES podia ter arriscado um pouco mais nesse périplo pela bossa nova. Ambos – o cantor e a revitalização do gênero, hoje entregue às tribos eletrônica e do acid jazz – sairiam ganhando.(Tárik de Souza)
Faixas