FAGNER
Fagner (2001)
Crítica
Cotação:
Há oito anos sem lançar um CD de material 100% inédito, Fagner parece ter encontrado um interessante equilíbrio entre a busca de novidade e a entrega a uma postura mais "madura" em seu 26º álbum. A tal maturidade estaria presente na aposentadoria do registro mais rascante de sua voz, nos arranjos bem comportados, e na reaproximação com velhos parceiros, como Fausto Nilo e Abel Silva. Na outra ponta, Fagner, o disco, ganha em vitalidade com a adesão de Zeca Baleiro, que assina com Fagner três das faixas e é creditado no encarte por seu "apoio na criação". No todo, consegue um trabalho que reflete sua oxigenação criativa, depois de manter-se à beira da banalidade durante boa parte dos anos 90.
Mesmo mais low profile, Fagner consegue momentos vigorosos nas baladas Tempestade (parceria com Baleiro, talvez a melhor faixa do álbum) e Sem Teto (uma bela criação de Sérgio Natureza e Sérgio Castro). As outras parcerias com ZB também saíram-se bem: os xotes matreiros Outra Era e A Tua Boca estão entre os pontos altos. Curioso é o recurso usado para compôr a letra de A Tua Boca, extraída de um poema de Capinan descoberto por Fagner em 1990. Do "baú" também salta Olhar Matreiro, canção escrita por Cazuza e Fagner ainda nos anos 80. E também o resgate de Feliz, de Gonzaguinha - o disco é dedicado à sua memória.
Menos inspiradas, mas ainda dignas, são as dobradinhas com Fausto Nilo (Jardim dos Animais e Vinho) e Abel Silva (Cor Invisível). Com boa vontade, pode se dizer o mesmo das duas canções - Muito Amor, de São Beto, e Certeza, de Domervil - selecionadas entre as tais 700 músicas que Fagner recebeu, quando buscava novos autores. Parece, entretanto, que ambos os compositores parecem ter escrito suas canções para o Fagner "muito romântico" do começo dos anos 90, e não para o combativo artista do início de carreira.
Às vezes, os arranjos ficam a milímetros de estragar as músicas. Difícil distinguir a introdução de Vinho ou Feliz de qualquer um dos sucessos de Zezé Di Camargo, com suas cascatas de synths e sopros plastificados. Por outro lado, detalhes como a delicadeza de Cor Invisível, com seus fraseados de guitarra portuguesa, ou a sutil intromissão de uma guitarra distorcida em Sem Teto ajudam a levantar o nível. Mas no geral a instrumentação fica aquém da personalidade única de Fagner como vocalista.(Marco Antonio Barbosa)
Mesmo mais low profile, Fagner consegue momentos vigorosos nas baladas Tempestade (parceria com Baleiro, talvez a melhor faixa do álbum) e Sem Teto (uma bela criação de Sérgio Natureza e Sérgio Castro). As outras parcerias com ZB também saíram-se bem: os xotes matreiros Outra Era e A Tua Boca estão entre os pontos altos. Curioso é o recurso usado para compôr a letra de A Tua Boca, extraída de um poema de Capinan descoberto por Fagner em 1990. Do "baú" também salta Olhar Matreiro, canção escrita por Cazuza e Fagner ainda nos anos 80. E também o resgate de Feliz, de Gonzaguinha - o disco é dedicado à sua memória.
Menos inspiradas, mas ainda dignas, são as dobradinhas com Fausto Nilo (Jardim dos Animais e Vinho) e Abel Silva (Cor Invisível). Com boa vontade, pode se dizer o mesmo das duas canções - Muito Amor, de São Beto, e Certeza, de Domervil - selecionadas entre as tais 700 músicas que Fagner recebeu, quando buscava novos autores. Parece, entretanto, que ambos os compositores parecem ter escrito suas canções para o Fagner "muito romântico" do começo dos anos 90, e não para o combativo artista do início de carreira.
Às vezes, os arranjos ficam a milímetros de estragar as músicas. Difícil distinguir a introdução de Vinho ou Feliz de qualquer um dos sucessos de Zezé Di Camargo, com suas cascatas de synths e sopros plastificados. Por outro lado, detalhes como a delicadeza de Cor Invisível, com seus fraseados de guitarra portuguesa, ou a sutil intromissão de uma guitarra distorcida em Sem Teto ajudam a levantar o nível. Mas no geral a instrumentação fica aquém da personalidade única de Fagner como vocalista.(Marco Antonio Barbosa)
Faixas