FERNANDA PORTO
Fernanda Porto (2002)
Crítica
Cotação:
Apesar de estar na estrada há cerca de dez anos, a cantora e compositora Fernanda Porto lança somente agora seu primeiro CD, que leva simplesmente seu nome. A gravadora não poderia ser outra: Trama, a companhia paulistana que vem "descobrindo" e maturando os novos talentos da música pop nacional - vide Luciana Mello, Pedro Mariano, Max de Castro. Misturando drum'n'bass, bossa nova e MPB, Fernanda apresenta um trabalho consistente, recheado de referências regionais como o maracatu e fusões com a música eletrônica. Das 14 faixas, 13 são de sua autoria, exceção para Só Tinha de Ser com Você, clássico da bossa nova eternizado por Elis Regina que ganhou roupagem totalmente nova em parceria com o DJ Patife. Essa influência da bossa aparece em todo o álbum, a começar pela faixa de abertura, De Costas Para o Mundo.
O CD segue com Eletricidade, drum'n'bass frenético usado para musicar o poema de Ledusha. A terceira faixa, Baque Virado, parceria com a pernambucana Alba Carvalho, é, sem dúvida, um dos destaques do disco. Forte, pesada, pulsante, traz à tona toda a energia e alegria do maracatu, deixando aflorar as raízes nordestinas que, segundo a cantora, fizeram parte de sua formação musical ao lado do samba. Outro destaque é Tudo de Bom, composta em homenagem ao Rio de Janeiro que Fernanda faz questão de anunciar que sempre foi a cidade que a acolheu com mais carinho. É possível perceber que, apesar de se tratar de um trabalho de estréia, Fernanda Porto chega muito mais maduro e eficaz do que dezenas de outros discos de artistas que, muitas vezes, já estão no segundo, terceiro CD. Essa paulistana de voz suave mas não fraca, vem provar que, muitas vezes, a competência não está necessariamente atrelada à experiência e que boas idéias podem sim, fazer alguém "acontecer".(Tatiana Tavares)
Faixas