O GRANDE ENCONTRO III - ELBA RAMALHO, GERALDO AZEVEDO E ZÉ RAMALHO

Pela terceira vez Geraldo Azevedo, Zé e Elba Ramalho se reúnem para gravar um CD juntos – o primeiro da série ainda contava com o temperamental Alceu Valença, que abandonou o barco em seguida por razões que só seu ego pode responder. É verdade que ele faz muita falta, pois o primeiro volume é sem dúvida o melhor dos três. Esse, no entanto, é melhor do que o volume 2, gravado em estúdio. Há a energia do público e se mantém o acabamento minimalista dos arranjos do primeiro álbum – uma ótima sacada –, que não sufoca os vocais dos cantores nordestinos. O repertório é inusitado, pois traz sucessos de Geraldinho e Zé, mas não de Elba. A cantora ficou com canções que, à exceção do pot-pourri final com clássicos de Jackson do Pandeiro, jamais havia gravado. Sendo assim, temos as eternas Caravana e Táxi Lunar e o referido pot-pourri (Tum-Tum-Tum/ Mulata no Coco/ Eu Vou pra Lua/ O Canto da Ema) entoados a três vozes. São bons números. Há duos interessantes como os de Elba com Zé (A Terceira Lâmina) e com Geraldo (no brejeiro xote Petrolina-Juazeiro, de Jorge de Altinho, lançada pelo autor em 84 e resgatada há dois anos por Alceu Valença em seu CD Forró de Todos os Tempos) - é um dos melhores momentos do álbum. Outro bom dueto é o de Geraldo e Zé em Galope Rasante. Mas cada cantor tem seu momento solo. Geraldo canta a desgastada Dona da Minha Cabeça. Elba põe seu molho em Você Se Lembra (hit mais recente de Geraldinho) e em... Frisson (!), sucesso romântico de Tunai de 84, lembram-se? "Meu coração pulou/ Você chegou, me deixou assim com os pés fora do chão...". Para completar, Zé Ramalho retoma A Peleja do Diabo com o Dono do Céu. Note que todas que Zé canta são daqueles mesmos três primeiros discos da Epic que o celebrizaram. Dali para cá, ele nunca mais conseguiu emplacar novos sucessos e insiste em regravar suas velhas músicas a todo momento. Finalmente, para dar um ar de novidade ao projeto, Geraldinho canta com Moraes Moreira o velho samba-exaltação de 1941, Canta Brasil, de um jeito mais joãogilbertiano, Zé ataca com Belchior – adivinhem! – o blues Garoto de Aluguel (recentemente regravada pelo cearense no CD Vício Elegante, de 96) e Elba com Lenine a sincopada Lá e Cá, lançada por Jane Duboc dois anos atrás, sem maior repercussão. Esta última não é uma música genial, mas cresceu muito com a garra vocal de Elba. O Grande Encontro III é um disco correto, bem gravado, com bom repertório, porém sem maiores ousadias ou novidades.(Rodrigo Faour)