USINA 415
Hekamiah e Usina Le Blond (2000)
2000
Independente
Crítica
Cotação:
É surpreendente - e louvável - que Carlos Lopes, metaleiro de primeríssima hora (fundador do legendário Dorsal Atlântica) tenha tido a pachorra e a capacidade de se reinventar musicalmente, à esta altura do campeonato. Em sua nova encarnação - Hekamiah - o veterano lasca um som muito distante do metal agressivo de outrora e faz um trabalho agradável e eclético, rock com sotaque funk (sem associações com tapinhas, por favor) e impregnado de um sabor bem carioca.
A base é o rock, mas as guitarras são limpas e os vocais idem; um clima de leveza e descontração permeia todo o álbum. O funk entra como referência nas levadas cheias de wah-wah da guitarra de Carlos e nas intervenções de metais. As composições de Lopes acabam traçando uma linha imaginária na evolução do rock carioca: há ecos de Barão Vermelho, Vid & Sangue Azul e Celso Blues Boy nas entrelinhas de músicas como Só Se For Agora, Santa Tereza e Dignidade.
As novidades ficam por conta de uma aproximação com o Nordeste, em Corpo Fechado (com direito a triângulo e viola dedilhada), e do clima meio mariachi em Greta Garbo. Também há um samba (ou quase isso): a delicada São Judas Tadeu, a mais bela faixa do álbum, com sua letra reflexiva sobre algumas das mazelas da Cidade Maravilhosa.
Só ficou faltando um senso pop mais aguçado, no sentido de refrões fortes e melodias ganchudas - com isso, as canções do grupo poderiam ganhar o mundo. Do Carlos "Vândalo" de outrora, o metaleiro sacrílego, sobraram apenas alguns agudos espalhados aqui e ali, um ou outro solinho supersônico na guitarra. Mas se ele acha que a mudança foi para melhor, então foi mesmo.(Marco Antonio Barbosa)
A base é o rock, mas as guitarras são limpas e os vocais idem; um clima de leveza e descontração permeia todo o álbum. O funk entra como referência nas levadas cheias de wah-wah da guitarra de Carlos e nas intervenções de metais. As composições de Lopes acabam traçando uma linha imaginária na evolução do rock carioca: há ecos de Barão Vermelho, Vid & Sangue Azul e Celso Blues Boy nas entrelinhas de músicas como Só Se For Agora, Santa Tereza e Dignidade.
As novidades ficam por conta de uma aproximação com o Nordeste, em Corpo Fechado (com direito a triângulo e viola dedilhada), e do clima meio mariachi em Greta Garbo. Também há um samba (ou quase isso): a delicada São Judas Tadeu, a mais bela faixa do álbum, com sua letra reflexiva sobre algumas das mazelas da Cidade Maravilhosa.
Só ficou faltando um senso pop mais aguçado, no sentido de refrões fortes e melodias ganchudas - com isso, as canções do grupo poderiam ganhar o mundo. Do Carlos "Vândalo" de outrora, o metaleiro sacrílego, sobraram apenas alguns agudos espalhados aqui e ali, um ou outro solinho supersônico na guitarra. Mas se ele acha que a mudança foi para melhor, então foi mesmo.(Marco Antonio Barbosa)
Faixas