SERENADE IN BLUE
Ithamara Koorax / Azymuth / Dom Um Romão / Cristina Braga (2001)
Crítica
Cotação:
Serenade in Blue tinha um propósito muito claro quando foi lançado originalmente, no ano passado: alavancar a carreira de Ithamara Koorax nos EUA. Da escolha do repertório ao tom dos arranjos, tudo foi meticulosamente pensado para apresentar a cantora como o mais novo talento do Brazilian jazz. Temos daí um disco de extremo bom-gosto, com músicos craques, um repertório cheio de clássicos e uma cantora de rara categoria. Mas o coração musical de Ithamara parece ter ficado em segundo plano, deixando todo o trabalho para os neurônios.
O balanço jazz-funk que domina o arranjo de Un Homme Et Une Femme se espalha por quase todo o álbum. Há também um sabor easy listening, especialmente na faixa-título, valorizada pelo discreto teclado de J.R.Bertrami. Em um ponto alto, a sutileza do arranjo de Moon River preserva a beleza da canção e destaca a ótima intérprete. O mesmo vale para The Shadow of Your Smile, embora esta já soe menos emocionante. Outra prova da segurança da cantora é que ela consegue extirpar (quase) todo o sentimentalismo de Dio Come Ti Amo, por si só um monumento às lágrimas.
Na sessão "Brazil" do álbum, Bonita - ou Tom Jobim para americano ouvir - ganha uma versão suave. A bateria eletrônica em Aquarela do Brasil daria um tom de música de churrascaria à faixa (num arranjo de Eumir Deodato!), não fosse pela interpretação de Ithamara. Deodato se redime parcialmente ao tramar um quase rhythm'n'blues tingido de latinidade para a faixa seguinte, Aranjuez. Uma interpretação cool demais em Mas que Nada poderia prejudicar o punch peculiar da música de Jorge Ben, mas Ithamara sai-se bem novamente.
E "para brasileiro ver", Ithamara acrescentou dois bônus, digamos, televisivos à seleção original do disco: Cristal, tema incluído na tele-novela Estrela-guia (atualmente no ar), e Iluminada, o primeiro sucesso comercial da cantora (da minissérie Riacho Doce, de 1990 - aqui presente na versão original). Quase alienígenas em comparação com o clima do resto do disco, as faixas unem as duas pontas da carreira de Ithamara e mostram a diferença entre seu trabalho "para consumo interno" e sua produção for export. Não por acaso, ela soa mais espontânea e emocionante do que nas canções do miolo do disco.
(Marco Antonio Barbosa)
O balanço jazz-funk que domina o arranjo de Un Homme Et Une Femme se espalha por quase todo o álbum. Há também um sabor easy listening, especialmente na faixa-título, valorizada pelo discreto teclado de J.R.Bertrami. Em um ponto alto, a sutileza do arranjo de Moon River preserva a beleza da canção e destaca a ótima intérprete. O mesmo vale para The Shadow of Your Smile, embora esta já soe menos emocionante. Outra prova da segurança da cantora é que ela consegue extirpar (quase) todo o sentimentalismo de Dio Come Ti Amo, por si só um monumento às lágrimas.
Na sessão "Brazil" do álbum, Bonita - ou Tom Jobim para americano ouvir - ganha uma versão suave. A bateria eletrônica em Aquarela do Brasil daria um tom de música de churrascaria à faixa (num arranjo de Eumir Deodato!), não fosse pela interpretação de Ithamara. Deodato se redime parcialmente ao tramar um quase rhythm'n'blues tingido de latinidade para a faixa seguinte, Aranjuez. Uma interpretação cool demais em Mas que Nada poderia prejudicar o punch peculiar da música de Jorge Ben, mas Ithamara sai-se bem novamente.
E "para brasileiro ver", Ithamara acrescentou dois bônus, digamos, televisivos à seleção original do disco: Cristal, tema incluído na tele-novela Estrela-guia (atualmente no ar), e Iluminada, o primeiro sucesso comercial da cantora (da minissérie Riacho Doce, de 1990 - aqui presente na versão original). Quase alienígenas em comparação com o clima do resto do disco, as faixas unem as duas pontas da carreira de Ithamara e mostram a diferença entre seu trabalho "para consumo interno" e sua produção for export. Não por acaso, ela soa mais espontânea e emocionante do que nas canções do miolo do disco.
(Marco Antonio Barbosa)
Faixas