PEDRA DO ESPIA
Itiberê Orquestra Família (2001)
Crítica
Cotação:
Um grupo único, com um som único: não é exagero classificar assim a Itiberê Orquestra Família e seu álbum de estréia Pedra do Espia, trabalho de absoluta exceção no panorama da MPB atual. Se não vejamos: quem se lembra da ocorrência de um grupo com 30 componentes, de formação orquestral mas aberto a influências as mais variadas, que tenha aparecido no mercado com um disco duplo, 100% instrumental? Seria no entanto injustiça classificar a rica música da IOF com base em seu caráter de exceção. Como Hermeto Paschoal - mentor espiritual do grupo - diria, o que vale é ouvir. E é ouvir e se surpreender com a inventividade e a liberdade das obras compostas por Itiberê Zwarg. E também com o desempenho de seus jovens músicos, que subjugam o virtuosismo e dão prioridade à música, apenas (e não a demonstrações de técnica). Sobretudo, o que espanta é a capacidade de fundir gêneros e ritmos os mais diversos num todo orgânico, no qual não soam fora de lugar misturas inusitadas de instrumentos muito diferentes ou cadências/harmonias inesperadas. Há chorinho, samba, forró, baião, jazz, valsa e muito mais no panelão da IOF, tudo integrado. Parece complicado, mas no disco funciona. Prova de que as sementes de Hermeto brotaram, evoluídas, em solo altamente fecundo.
Trata-se de disco para ouvir num clima relaxado, zen até - com suas evoluções suaves e envolventes, tramadas em temas longos (boa parte das faixas ultrapassa os cinco minutos de duração). O que não impede a criação de verdadeiras feijoadas rítmicas que afloram vez por outra, pegando o ouvinte desprevinido. Como no rompante Forró no Encontro dos Rios, choque (delicado) entre nordestinidade e quase-free jazz. Ou em Bota Pra Quebrar, impressionante demonstração de poliritimia e entrosamento entre os músicos. Tiram o chapéu para Hermeto mais uma vez recriando sua 17 de Janeiro, em versão vivaz, cheia de alegria; e em seguida partem para praias mais delicadas. Há de se citar neste campo Muito Natural (que incorpora um coral em seu arranjo) e a belíssima Arco-Íris de Som, na qual a barragem sonora da Orquestra é substituída por uma instrumentação mais sutil e esparsa. Itiberê Zwarg conduz com seu baixo a faixa-título, uma viagem de mais de 11 minutos, que resume o rico panorama ouvido ao longo do álbum. (Marco Antonio Barbosa)
Trata-se de disco para ouvir num clima relaxado, zen até - com suas evoluções suaves e envolventes, tramadas em temas longos (boa parte das faixas ultrapassa os cinco minutos de duração). O que não impede a criação de verdadeiras feijoadas rítmicas que afloram vez por outra, pegando o ouvinte desprevinido. Como no rompante Forró no Encontro dos Rios, choque (delicado) entre nordestinidade e quase-free jazz. Ou em Bota Pra Quebrar, impressionante demonstração de poliritimia e entrosamento entre os músicos. Tiram o chapéu para Hermeto mais uma vez recriando sua 17 de Janeiro, em versão vivaz, cheia de alegria; e em seguida partem para praias mais delicadas. Há de se citar neste campo Muito Natural (que incorpora um coral em seu arranjo) e a belíssima Arco-Íris de Som, na qual a barragem sonora da Orquestra é substituída por uma instrumentação mais sutil e esparsa. Itiberê Zwarg conduz com seu baixo a faixa-título, uma viagem de mais de 11 minutos, que resume o rico panorama ouvido ao longo do álbum. (Marco Antonio Barbosa)
Faixas
DISCO 1
DISCO 2