Ê LALÁ LAY-Ê
João Donato (2001)
Crítica
Cotação:
A porção mais pop da enorme musicalidade de João Donato (a mesma que já rendeu outros três álbuns só este ano) está toda contida em Ê Lalá Lay-ê, disco que celebra a parceria do veterano precursor da bossa nova com seu irmão, o letrista Lysias Ênio. Sob a produção do jovem Rafael Ramos, Donato dosa jazz, samba, latinidade e bossa de forma suave, em canções de melodias simples mas não raro memoráveis. Distante do possível hermetismo do jazz puro e fora da "elitização" que rotula - digamos - João Gilberto como "não-popular", Donato faz um trabalho sincero e com toda a capacidade de agradar fãs antigos e novatos.
Cantando pela primeira vez em seis anos, João Donato conquista pela singeleza de sua performance. Filiado à "escola joãogilbertiana" de canto (embora sem a precisão minimalista do mestre da bossa), o compositor não parece esforçar-se muito para produzir seus sussurros charmosos e molengas. Para embalar as letras do irmão, Donato criou canções de harmonias descomplicadas e suaves, como Então, Que Tal?, Sem Legenda ou Do Jeito Que Eu Sei: músicas que, ao ouvinte casual, podem soar agradavelmente banais. Mas que estão cheias de pequenas filigranas nas entrelinhas - como a citação rápida aos ritmos nordestinos em Vento no Canavial, as jogadas onomatopéicas que conduzem as melodias da faixa-título e mesmo a de Sem Legenda, o piano virtuoso e fluido do próprio Donato em todas as músicas. Isso vai num crescendo até chegar em uma inesperada possível pérola , como é a bela Bateu Pra Trás. Tudo se acaba em sambinha com tom jazzeado e letra minimalista (O Bicho Tá Pegando), festejando a alegria pessoal e musical de Donato. Ou seja: Ê Lalá Lay-ê é música popular de classe, feita por um talento polivalente e sofisticado (mas que sabe exatamente quando baixar a bola do requinte sonoro).
(Marco Antonio Barbosa)
Cantando pela primeira vez em seis anos, João Donato conquista pela singeleza de sua performance. Filiado à "escola joãogilbertiana" de canto (embora sem a precisão minimalista do mestre da bossa), o compositor não parece esforçar-se muito para produzir seus sussurros charmosos e molengas. Para embalar as letras do irmão, Donato criou canções de harmonias descomplicadas e suaves, como Então, Que Tal?, Sem Legenda ou Do Jeito Que Eu Sei: músicas que, ao ouvinte casual, podem soar agradavelmente banais. Mas que estão cheias de pequenas filigranas nas entrelinhas - como a citação rápida aos ritmos nordestinos em Vento no Canavial, as jogadas onomatopéicas que conduzem as melodias da faixa-título e mesmo a de Sem Legenda, o piano virtuoso e fluido do próprio Donato em todas as músicas. Isso vai num crescendo até chegar em uma inesperada possível pérola , como é a bela Bateu Pra Trás. Tudo se acaba em sambinha com tom jazzeado e letra minimalista (O Bicho Tá Pegando), festejando a alegria pessoal e musical de Donato. Ou seja: Ê Lalá Lay-ê é música popular de classe, feita por um talento polivalente e sofisticado (mas que sabe exatamente quando baixar a bola do requinte sonoro).
(Marco Antonio Barbosa)
Faixas