COMPOSITORES
Miúcha (2002)
2002
Biscoito Fino
BF-512
Crítica
Cotação:
Por sua carreira discográfica bissexta, Miúcha pode passar ao largo da recente discussão
sobre "falta de novos talentos" na MPB e se dar ao luxo de lascar um disco como este,
quase 100% povoado por compositores consagrados, e ainda assim não ser taxada de
conservadora. Seus lançamentos são tão rarefeitos (seis discos solo em mais de trinta
anos de carreira) que estão "acima do bem e do mal", tornando preciosos os raros
encontros com sua voz macia. Um fator que também limpa a barra de
Miúcha.compositores foi a escolha acertadíssima de repertório, que selecionou
pérolas menos conhecidas e driblou a obviedade. Com ares de pesquisadora, a cantora
desencava canções menos ou mais obscuras (às vezes inéditas) cheia de propriedade,
para criar um álbum de música popular das boas - refinada na forma e no cuidado com que
é feita, mas com apelo extremamente simples. Contribuem no resultado final as filigranas
tramadas nos arranjos (feitos por um coletivo de feras, com João Donato, Cristóvão
Bastos, Leandro Braga e Francis Hime) e a produção contida, de bom gosto, de José
Milton. Acima de tudo há a voz, tida por alguns como "pequena", mas aqui agindo como fio
condutor elegante de um disco sóbrio - e vibrante.
A afinidade natural com mano Chico Buarque se reflete no brilho emprestado a Canção Inédita e Você, Você, cada qual em uma ponta do espectro sonoro do álbum. A primeira traz uma profusão de cordas e metais sublinhando a cálida intepretação da melodia criada por Chico e Edu Lobo. Já a segunda traz apenas voz e o violão (do co-autor Guinga) no que talvez seja o momento mais emocionante do CD. As duas canções não chegam a ofuscar o resto do trabalho. Especialmente quando Miúcha se concentra em recriar músicas pouco conhecidas ou então já esquecidas, como é o caso de E Daí, samba-canção ancestral valorizado pelo arranjo elegante, quase austero; ou mesmo "quase-inéditas" como a parceria entre Tom Jobim e Donato, Quando a Lembrança me Vem, na qual detalhes sutis (como a flauta de Paulo Jobim) abrilhantam a voz de Miúcha. De inédito mesmo, entram os "bônus" Tempo de Amar (com o balanço bossa-pop típico de João Donato) e a complexa Vento Levou, com a cama de instrumentos clássicos fazendo bonito sob a melodia de Cristóvão Bastos. (Marco Antonio Barbosa)
A afinidade natural com mano Chico Buarque se reflete no brilho emprestado a Canção Inédita e Você, Você, cada qual em uma ponta do espectro sonoro do álbum. A primeira traz uma profusão de cordas e metais sublinhando a cálida intepretação da melodia criada por Chico e Edu Lobo. Já a segunda traz apenas voz e o violão (do co-autor Guinga) no que talvez seja o momento mais emocionante do CD. As duas canções não chegam a ofuscar o resto do trabalho. Especialmente quando Miúcha se concentra em recriar músicas pouco conhecidas ou então já esquecidas, como é o caso de E Daí, samba-canção ancestral valorizado pelo arranjo elegante, quase austero; ou mesmo "quase-inéditas" como a parceria entre Tom Jobim e Donato, Quando a Lembrança me Vem, na qual detalhes sutis (como a flauta de Paulo Jobim) abrilhantam a voz de Miúcha. De inédito mesmo, entram os "bônus" Tempo de Amar (com o balanço bossa-pop típico de João Donato) e a complexa Vento Levou, com a cama de instrumentos clássicos fazendo bonito sob a melodia de Cristóvão Bastos. (Marco Antonio Barbosa)
Faixas