SHOW
Ná Ozzetti (2001)
2001
Som Livre
2303-2
Crítica
Cotação:
Por toda sua carreira, Ná Ozzetti esteve (às vezes mais, às vezes menos) associada aos compositores e intérpretes da chamada vanguarda paulista. Isso até, no ano passado, ganhar o prêmio de melhor intérprete no Festival da Música Brasileira (da Rede Globo) e com isso merecer a gravação de um CD, pela Som Livre. O álbum em questão é este Show, um afastamento radical de qualquer estética vanguardista. Privilegiando canções dos anos 30, 40 e 50, com arranjos impecavelmente contidos, Show evidencia um fato que até agora poucos conheciam: Ná é ao mesmo tempo uma das mais emocionadas e técnicas cantoras do país, e a elegância clássica na qual o disco vem embalado afinal coloca sua voz em primeiríssimo plano. Agora ela pretende impressionar pelo rigor e pela precisão - e o resultado é tão ou mais compensador que os discos da Ná "moderninha".
Não é com a escolha do repertório que Ná procura surpreender o ouvinte. Quase todas as canções são bastante conhecidas; mas isso não impede que a cantora acrescente sua marca a elas. Em especial, vale destacar a delicadeza da recriação de Linda Flor e do tom brejeiro imprimido a João Valentão - ou até mesmo a insinuação de suingue em Segredo. No entanto, é inútil pensar que o novo álbum de Ná vá se sobressair por alguma eventual "novidade"; o que impressiona mesmo é a capacidade da cantora de assumir um repertório como este e se "encaixar" a ele de forma mais do que adequada. O sutil acompanhamento (dois violões, um leve trabalho de percussão, eventuais sopros e violoncelos) foi a escolha ideal - arranjos como estes não envelhecem, e nem se curvam ao saudosismo em relação às versões originais. A cantora passeia pela fossa ( Meu Mundo Caiu, Não Me Culpes, As Praias Desertas) com a mesma elegância com a qual repassa sambas ancestrais (Na Batucada da Vida, Adeus Batucada e Último Desejo, esta em registro bem cool). Em todas as faixas, fica a excelência técnica da performance - os momentos de maior brilho vocal são Linda Flor e Adeus Batucada, plenas de modulações perfeitas e demonstrações de raro alcance vocal. Fecha o álbum a faixa-título, defendida pela cantora no festival do ano passado (composta pelo velho chapa Luiz Tatit), que se enquadra perfeitamente no contexto do disco e ganha ares de samba-canção envelhecido. (Marco Antonio Barbosa)
Não é com a escolha do repertório que Ná procura surpreender o ouvinte. Quase todas as canções são bastante conhecidas; mas isso não impede que a cantora acrescente sua marca a elas. Em especial, vale destacar a delicadeza da recriação de Linda Flor e do tom brejeiro imprimido a João Valentão - ou até mesmo a insinuação de suingue em Segredo. No entanto, é inútil pensar que o novo álbum de Ná vá se sobressair por alguma eventual "novidade"; o que impressiona mesmo é a capacidade da cantora de assumir um repertório como este e se "encaixar" a ele de forma mais do que adequada. O sutil acompanhamento (dois violões, um leve trabalho de percussão, eventuais sopros e violoncelos) foi a escolha ideal - arranjos como estes não envelhecem, e nem se curvam ao saudosismo em relação às versões originais. A cantora passeia pela fossa ( Meu Mundo Caiu, Não Me Culpes, As Praias Desertas) com a mesma elegância com a qual repassa sambas ancestrais (Na Batucada da Vida, Adeus Batucada e Último Desejo, esta em registro bem cool). Em todas as faixas, fica a excelência técnica da performance - os momentos de maior brilho vocal são Linda Flor e Adeus Batucada, plenas de modulações perfeitas e demonstrações de raro alcance vocal. Fecha o álbum a faixa-título, defendida pela cantora no festival do ano passado (composta pelo velho chapa Luiz Tatit), que se enquadra perfeitamente no contexto do disco e ganha ares de samba-canção envelhecido. (Marco Antonio Barbosa)
Faixas