PASSOCA CANTA INÉDITOS DE ADONIRAN

Adoniran Barbosa / Passoca (2000)

2000
Arte Viva
Crítica

Cotação:

Pioneiro da vertente neocaipira que renova o setor, o paulista de Santos criado em Ribeirão Preto Passoca (Antonio Vilalba) mergulha nos sambas do impagável Adoniran Barbosa, pseudônimo artístico do paulista de Valinhos, João Rubinato (1910-1982). Não é um universo estranho a seu trabalho habitual: Adoniran teve (entre outros) o mérito de contaminar seu samba com a babel de sotaques da megalópole paulistana, incluindo o acento caipira. Pescadas entre inéditas conservadas pelo amigo escritor e editor Juvenal Fernandes, estas 14 letras do compositor foram musicadas por parceiros posteriores, de Tito Madi e Zé Kéti a Paulo Bellinati e Evandro do Bandolim. A maioria traz sua marca registrada, a ingenuidade dos temas como Lagartixa ("sobe nas paredes/ e fica olhando/ analisando sem parar") e Currupaco ("você parece relógio de repetição/ vê se arranja outra profissão") misturada com uma pitada de malícia em Gu Lú gu Lú ("é que o rei do galinheiro/ é hoje o meu peru") ou Vai da Valsa ("eu gosto de mulher bonita/ mas quando ela está sem calça/ comprida"). Leves flagrantes da cidade (Bazares, Roubaram a Lagosta) e sambas sincopados (Filé de Onça, Olhos de Sono) na voz intimista de Passoca contrastam com momentos mais líricos (as valsas Domingo e Eternidade) num fiel perfil póstumo deste cronista paulistano. (Tárik de Souza)
 
PASSOCA CANTA INÉDITOS DE ADONIRAN