INSTINTO COLETIVO AO VIVO

Rappa, O (2001)

2001
Crítica

Cotação:

Os shows do Rappa são, com toda a justiça, legendários - é bem possível que não haja outra banda brasileira em atividade capaz de tal interação audiência/palco, e suas canções inequivocamente crescem ao vivo. Instinto Coletivo dá conta e muito bem da excitação e do pique do grupo carioca defronte a uma platéia. O show inteiro (gravado em Curitiba no começo do ano passado) não coube em um CD só, daí a complementação mais do que bem vinda com cinco faixas feitas em estúdio. Juntam-se então as duas pontas do Rappa - a letal e viajante banda de palco, capaz de um dos shows mais quentes da atualidade, e os inquietos buriladores musicais de estúdio, sempre em busca de novos ingredientes para sua afiada musicalidade. Qualquer que seja o ângulo escolhido para se avaliar o grupo, Instinto Coletivo oferece uma ótima polaróide do momento atual do Rappa, uma das poucas bandas brasileiras que realmente valem a pena.

As 16 faixas ao vivo se concentram no repertório de Lado B Lado A. Na medida do possível, o resultado traduz a força dos shows do Rappa; na medida do possível sim, pois o grupo quase sempre opta pelo inesperado na hora de tocar. O pique alucinado de Tumulto, Me Deixa e Miséria S/A se alterna com as faixas mais climáticas (mas igualmente cheias de balanço) do último CD de estúdio, como Lado B Lado A, Minha Alma e Homem Amarelo. O álbum também registra as peculiares viagens sonoras do grupo - que sempre reforçou o lado dub de sua música ao vivo. As esticadíssimas versões de Todo Camburão Tem um Pouco de Navio Negreiro e O Homem Bomba incorporam toda a fumacenta atmosfera da Jamaica, abusando dos ecos e efeitos sonoros. Na mesma veia, um pouco mais contidas, ficam Hey Joe e Vapor Barato. A produção de Tom Capone ficou bem OK; uma possível ressalva seria no volume baixo do microfone destinado a captar o público. Entre as inéditas, o destaque óbvio é Ninguém Regula a América, dividida entre o Rappa e o Sepultura. A faixa - pesadona, mais para o lado do Sepultura do que para o do grupo carioca - massacra o governo dos EUA sem meias palavras. Milagre é mais cool e viajante, com ênfase em um bom trabalho de percussão. E, de bônus, vem Fica Doido Varrido, gravada pelo grupo para um especial de carnaval da MTV. As duas canções que revelam a simbiose entre o Rappa e o grupo inglês Asian Dub Foundation são as melhores. A faixa-título tem um jeito meio sambístico, misturado a um baixão vindo direto do reggae, sampleagens marotas e um groove letal, levado por uma batida contagiante. E o remix de R.A.M. feito pelo ADF comprova a sintonia entre as propostas das duas bandas. Transformada num drum'n'bass caprichado, a canção de 1993 mantém sua identidade em perfeito estado.(Marco Antonio Barbosa)
Faixas
Ouvir todas em sequência

DISCO 1

1 Intro Ouvir
2 Tumulto Ouvir
(O Rappa, Marcelo Yuka)
3 Se não avisar o bicho pega Ouvir
(Jorge Carioca, Marcinho, Marquinhos PQD)
4 Miséria S.A. Ouvir
(Pedro Luís)
5 Todo camburão tem um pouco de navio negreiro Ouvir
(O Rappa, Marcelo Yuka)
6 Homem amarelo Ouvir
(O Rappa)
7 Minha alma Ouvir
(O Rappa, Marcelo Yuka)
8 Cristo e Oxalá Ouvir
(O Rappa, Marcelo Yuka)
10 Nó de fumaça Ouvir
(O Rappa, Marcos Lobato)
11 O homem bomba Ouvir
(O Rappa, Marcelo Yuka)
12 Me deixa Ouvir
(O Rappa, Marcelo Yuka)
13 Vapor barato Ouvir
(Jards Macalé, Waly Salomão)

DISCO 2

14 Lado B Lado A Ouvir
(O Rappa, Marcelo Yuka, Marcelo Falcão)
15 A feira Ouvir
(O Rappa, Marcelo Yuka)
16 Ilê Ayê Ouvir
(Paulinho Camafeu, Gege)
17 Ninguém regula a América Ouvir
(O Rappa, Marcelo Yuka, Sepultura)
18 Milagre Ouvir
(O Rappa, Marcelo Yuka)
19 Instinto coletivo Ouvir
(O Rappa, Marcelo Yuka)
20 Fica doido varrido Ouvir
(Frazão, Benedito Lacerda)
21 R.A.M / remix ADF Ouvir
(O Rappa, Marcelo Yuka)
 
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