VOLTA POR CIMA
Roberto Silva (2002)
Crítica
Cotação:
Disco novo de Roberto Silva é sempre uma ocasião especial para os amantes do bom samba. Com sua interpretação única, ponte entre a empostação dos cantores do rádio e a sutileza bossa-novística, e sua voz ainda cristalina (apesar dos 82 anos), o príncipe do samba revisita uma ampla gama de sub-gêneros e diferentes gerações da batucada neste álbum. Longe dos estúdios há mais de 20 anos, Roberto encontrou na produção do caprichoso José Milton a base perfeita para exercitar sua elegância e a já consagrada técnica intuitiva (que tanto influenciou João Gilberto, por exemplo). Volta Por Cima tem som de samba antigo - graças aos arranjos de Leandro Braga, Cristóvão Bastos e João Lyra -, sem firulas, pandeiros e cavaquinho à frente, nada de teclados ou pirotecnias de estúdio. Por cima de tudo, a bela voz. Não há como o coração do cultor genuíno do partido alto não se emocionar.
Roberto vai bem nas regravações de músicas que ele mesmo celebrizou. A Primeira Vez, Da Cor do Pecado e Notícia, por exemplo, soam fresquinhas, revitalizadas pela instrumentação vigorosa. Mais delicioso é ouví-lo em incursões até certo ponto inusitadas, como o brilho que empresta a A Rita, de Chico Buarque, a antiquíssima Gosto que Me Enrosco ou mesmo a faixa-título, emblemática da "paulistice" de Paulo Vanzolini. Tudo material que, supostamente, não caberia na seara clássica de Roberto Silva. Mas o intérprete faz que nem liga e, com a versatilidade que faz falta às gerações posteriores, empresta coerência própria à seleção de sambas. A bela versão de Da Cor do Pecado, com vivaz arranjo a cargo de Cristóvão Bastos, sumariza com sua ginga o espírito do disco; um trabalho para cima, alto astral, apesar da fossa que várias das letras escolhidas possa sugerir. Também funciona como antídoto para o duvidoso - dispensável, até - dueto gravado ao vivo com Caetano Veloso, que fecha o disco (Juracy) como faixa-bônus. Puro contrapeso. (Marco Antonio Barbosa)
Roberto vai bem nas regravações de músicas que ele mesmo celebrizou. A Primeira Vez, Da Cor do Pecado e Notícia, por exemplo, soam fresquinhas, revitalizadas pela instrumentação vigorosa. Mais delicioso é ouví-lo em incursões até certo ponto inusitadas, como o brilho que empresta a A Rita, de Chico Buarque, a antiquíssima Gosto que Me Enrosco ou mesmo a faixa-título, emblemática da "paulistice" de Paulo Vanzolini. Tudo material que, supostamente, não caberia na seara clássica de Roberto Silva. Mas o intérprete faz que nem liga e, com a versatilidade que faz falta às gerações posteriores, empresta coerência própria à seleção de sambas. A bela versão de Da Cor do Pecado, com vivaz arranjo a cargo de Cristóvão Bastos, sumariza com sua ginga o espírito do disco; um trabalho para cima, alto astral, apesar da fossa que várias das letras escolhidas possa sugerir. Também funciona como antídoto para o duvidoso - dispensável, até - dueto gravado ao vivo com Caetano Veloso, que fecha o disco (Juracy) como faixa-bônus. Puro contrapeso. (Marco Antonio Barbosa)
Faixas