EXÉRCITO POSITIVO OPERANTE
Rumbora (2000)
Crítica
Cotação:
A despretensão – em grau excessivo até – é a marca do segundo álbum da banda brasiliense Rumbora. Formada a partir de um dos destroços do interessante Little Quail & The Mad Birds (ou seja, o baterista Baca), ela é especialista naquele tipo de rock que foi cristalizado no mercado pelos conterrâneos Raimundos – melódico (de uma escola que vem da jovem guarda, passa pelos Ramones e chega ao Foo Fighters), mas bastante pesado quando quer, com algumas contaminações de rap, ska, reggae e eletrônicas. O Rumbora só não é igual aos Raimundos porque tem um clima mais praieiro e ensolarado em suas músicas – algo que o aproxima de bandas brasilienses de reggae como o Maskavo e o Natiruts –, além de melodias mais aprimoradas e letras um pouco mais sóbrias que as dos companheiros. A produção de Carlo Bartolini e Carlos Eduardo Miranda deixou redondinho e vigoroso um som que já era pop e variado de nascença. Baca, Alf (guitarra e vocais), Biu (guitarra) e Beto (baixo) tem alguns tiros certeiros para as rádios: Mapa da Mina e Na Paz, que trazem embutidas um saborzinho de rock dos anos 80. O alto astral impera em E.P.O (Exército Positivo Operante) e ganha alguns toques mais heavy em O Passo do Azuílson e Boa Nova, dois bons skas, por sinal. Heavy mesmo, porém, é Tá Com Medo, com sua letra de filme de terror e marretadas sonoras à la Helmet. As guitarras seguem rugindo em Ladeirão, que evoca o thrash metal anônimo que ecoa nas garagens do mundo. Cortesia do produtor Apollo IX, as eletrônicas aparecem discretamente em Flou (que lembra – de longe – o hard rock progressivo brasileiro dos anos 70) e na instrumental Alf, Beto, Baca & Biu, que tem um rap de X, da banda (também brasiliense) Câmbio Negro. O disco vai quase sem surpresas até o fim. A exceção é Veste o Uniforme, uma versão infame – digna de um disco de Perla – de Born To Be Alive, sucesso da discoteque de Patrick Hernandez. Pode ser que não aconteça grandes coisas a Exército Positivo Operante, mas daqui a uns 20 anos ele poderá estar sendo disputado nos sebos como relíquia de uma época – trata-se de uma excelente síntese do que é o rock brasileiro na virada do milênio.(Silvio Essinger)
Faixas