ALMA DE TUPI
Teca Calazans (2000)
Crítica
Cotação:
Capixaba criada no Recife, Teca Calazans construiu sua carreira na ponte Brasil/França apostando no reaproveitamento e incorporação do folclore. Além de compositora e folclorista, ela também fuça nos baús alheios como acontece neste CD, onde difunde outra face do carioca Sinhô (J.B. da Silva, 1888-1930), o auto intitulado "rei do samba", na valsa seresteira Acauã . E chama o CD pelo nome de uma obscura composição de outro Calazans, José Luiz, o Jararaca da célebre dupla com Ratinho. Alma de Tupi mistura ufanismo ("sou caboclo brasileiro/ tenho sangue de guerreiro/ descendente de tupi") com a ingenuidade também presente na narrativa História Triste de uma Praieira (Stephana de Macedo). Há ainda loas de abertura de um bumba-meu-boi que Teca adaptou com o nome de Divino Santos Reis. As outras faixas, do baião Eu Não Sou Dois à bossa Dizendo Não e o coco Mamãe, Papai Me Disse, são parcerias da cantora com Ricardo Vilas (par de sua antiga dupla), Luis Carlos Sá (de outra dupla, a do rock rural com Guarabira) e o nordestino Maciel Melo, dissidente da óxente music reinante por lá. O disco é encordoado pelo violonista Nenéu Liberalquino, que toca o instrumento na horizontal alinhavando a voz um tanto monocórdia de Teca adornada ainda por complementos eventuais de gaita, sanfona, cello e percussões leves. Coerente, mas sem surpresas.
(Tárik de Souza)
Faixas