VIA SAT
Via Sat / Naná Vasconcelos (2000)
2000
Morango Music
199.008.82
Crítica
Cotação:
Não foi só o fato de ambas bandas terem surgido a partir do bloco Lamento Negro: as referências musicais-culturais do Via Sat e de Chico Science & Nação Zumbi também são as mesmas. Rap, maracatu, Internet, música eletrônica, movimentos negros, funk de James Brown e idéias de revolução também estão a alicerçar o projeto da banda do vocalista Pácua, que só agora chega ao primeiro disco. Com mais frevo e funk que maracatu, o Via Sat faz uma boa estréia, longe da sombra de Chico e o Nação – ainda que em faixas como Samba Fantasia seja difícil não reconhecer certas semelhanças. A maciez do jazz-rap-soul, nas faixas Jazz e Recife Veneza, dão prova de que o caminho da banda é outro – está mais próximo dos vocais melódicos, dos bons arranjos de naipe de metais e de uma elegante escolha de samples. Em Morrão, há uma inteligente aproximação com o jungle. E em Frevo à Queima Roupa, o patrimônio musical pernambucano ganha uma empolgante releitura – "Frevo que um dia foi dança engraçada/ Hoje o frevo é dança enamorada." Em Clarins, por sua vez, o Via Sat mergulha no universo do eletrofunk e dos scratches sem perder a personalidade. Outras referências musicais aparecem aqui e ali – samba-rock em Girando em Círculo, embolada em Emboladores de Rap, com participação de Zé Brown e Massacre, do Faces do Subúrbio – e só enriquecem o trabalho da banda. Há, sim, algumas precariedades – principalmente na produção e na voz de Pácua –, mas elas não desmerecem esse disco feito com raça e criatividade. Só a capinha é que poderia ter sido um pouco melhor...
(Silvio Essinger)
Faixas