QUANDO O TEMPO PÁRA
Vinny (2000)
Crítica
Cotação:
Vinny chega ao quinto disco de sua carreira graças aos elementos que o catapultaram ao sucesso com Mexe a Cadeira: produção muito bem feita, voz grave e inconfundível e uma batida cativantemente suingada. Pelo título e pela capa de Quando o Tempo Pára poderia-se pensar que ele agora está de cabeça fria, depois da fase Tiazinha-espasmódica. Mas, que nada. A faixa de abertura, a ótima Fuck the Fashion é lúcida sem ser hipócrita em sua crítica à sociedade-de-consumo-de-celebridades-instantâneas: "Todo mundo quer namorar com a Gisele/ Todo mundo quer ter o shape do Zulu/ Ronaldinho, seu eu fosse como tu/ Tirava a mão do bolso e botava o pé na bola", com um invólucro musical que, se não abandona o clima das pistas de dança, resgata um quase esquecido elemento rock que afinal também é parte do universo Vinny. O mesmo rock dá as cartas ainda em Enquanto o Dia Não Chegar, com um refrão bem anos 80 misturado a sutis elementos eletrônicos que não o tornam datado. Entre as duas faixas, Quero Muito Mais, uma versão de What's Up, do Four Non Blondes, em português e com ritmo de reggae-good-vibrations. Palavra Certa inaugura a seção de baladas (melosas sim, cheias de tchu-ru-ru-yeah) que continua em Nem Tudo Pode Ser, cuja letra é, como se diz por aí, "super cabeça": "Quando você quiser saber/ Nem sei o que irei dizer/ Quando você quiser saber/ Bem sei, nem tudo pode ser". Então tá. Mas eis que de repente volta o bom rock'n'roll e a voz gutural em Você Quer Love, Eu Quero Sex, puro punch! O refrão é um achado: "Amor I love you/ Agora fuck me", que emenda em Tudo que Eu Não Quero Ser, outro pop rock empolgante. Tudo milimetricamente calculado para que ficar parado torne-se uma tarefa hercúlea. Funciona melhor do que a falada 174, a música "polêmica" do disco, que usa como tema a tragédia da violência urbana. Vale só pelo registro, pois peca pela falta de ousadia, que, parece, sobrou em Nem Mais uma Vez, música lenta de 6:47 minutos (!), com solos de guitarra de inspiração pink-floydiana e que sem sombra de dúvida vai levar isqueiros acesos ao alto nos shows de Vinny pelo Brasil. É de longe a melhor da trinca de baladas (Do que Jamais Aconteceu, Nem Mais uma Vez e Minha Solução) que encerra o disco, justamente porque aposta que se pode ir um pouco além do comercialmente óbvio. A faixa bônus traz a versão remix do DJ Cuca para Seja Como For, hit do último disco, O Bicho Vai Pegar. Vinny declarou recentemente, depois do nascimento de seu primeiro filho, em abril, que quer que o pequeno Luca se orgulhe do trabalho do pai. Tudo bem. Mas tomara que não fique muito sério. Como está, continua irresistível.(Nana Vaz de Castro)
Faixas