RECEITA DA FELICIDADE
Waguinho (2001)
Crítica
Cotação:
A passagem do bregode para um samba mais digno é possível? Este é o pulo do gato que o cantor Waguinho, ex-Morenos, tenta fazer com seu primeiro álbum solo. Para tanto, o rapaz não economizou recursos. Esbanjou auxílios luxuosos (como uma canção inédita de Paulinho da Viola e uma de Gabriel Moura, do Farofa Carioca), aliou-se a sambistas mais do que consagrados (fez parcerias com Arlindo Cruz e Délcio Luiz) e até apelou para a regravação de um clássico legítimo, O Pequeno Burguês, de Martinho da Vila. E deu certo? Bem, Waguinho chegou quase lá. Receita de Felicidade mostra que, fundamentalmente, o cantor e compositor dos tempos dos Morenos não mudou. Mas, solo, ele demonstra no mínimo uma vontade maior de descolar-se dos clichês que emperram o pagode romântico. Não foi tão difícil assim.
O álbum começa prometendo, com dois sambas-rock de boa lavra (Kid Brilhantina, do especialista Bedeu, e Não Quero Nada). Logo na faixa seguinte, Primeira Estrela - de Jorge Aragão - ouvimos Waguinho reentronizado no mais que conhecido universo do samba dor-de-corno. Mas algo pulsa diferente aqui. Em uma primeira audição, músicas como Só Me Dá Prazer, Sonho ou Gata não diferem muito das bobagens perpetradas pelo cantor e seu antigo grupo. Entretanto, há uma maior "humanidade" no samba de Waguinho, que descartou (quando pôde) os timbres falsificados de sintetizador e botou partideiros de verdade para batucar e dedilhar. Só às vezes os arranjos baixam a bola, como nos tecladinhos bregas em Casa Comigo. Calça Arriada (de Paulinho da Viola) e O Pequeno Burguês, naturalmente as músicas mais fortes do disco, não soam deslocadas - mesmo com a surpreendente presença do guardião da raiz Henrique Cazes, que toca cavaco na primeira e guitarra na segunda.(Marco Antonio Barbosa)
O álbum começa prometendo, com dois sambas-rock de boa lavra (Kid Brilhantina, do especialista Bedeu, e Não Quero Nada). Logo na faixa seguinte, Primeira Estrela - de Jorge Aragão - ouvimos Waguinho reentronizado no mais que conhecido universo do samba dor-de-corno. Mas algo pulsa diferente aqui. Em uma primeira audição, músicas como Só Me Dá Prazer, Sonho ou Gata não diferem muito das bobagens perpetradas pelo cantor e seu antigo grupo. Entretanto, há uma maior "humanidade" no samba de Waguinho, que descartou (quando pôde) os timbres falsificados de sintetizador e botou partideiros de verdade para batucar e dedilhar. Só às vezes os arranjos baixam a bola, como nos tecladinhos bregas em Casa Comigo. Calça Arriada (de Paulinho da Viola) e O Pequeno Burguês, naturalmente as músicas mais fortes do disco, não soam deslocadas - mesmo com a surpreendente presença do guardião da raiz Henrique Cazes, que toca cavaco na primeira e guitarra na segunda.(Marco Antonio Barbosa)
Faixas