EU SOU FEIO... MAS SOU BONITO!
Wander Wildner (2001)
2001
Barulhinho
WW3
Crítica
Cotação:
Wander Wildner é caso único no rock brasileiro, quiçá mundial. Insistindo no estilo que ele criou (e que segue sem outros adeptos), o punk-brega, o fundador dos Replicantes percorre um caminho bem próprio: rock barulhento (mas melódico), com letras derramadamente românticas, dor-de-corno mesmo. A própria figura de Wander completa o panorama. Vocalista que compensa a pouca técnica com feeling de sobra, o gaúcho aposta na contramão do “bom comportamento” que o mercado costuma cobrar. Desde a capa/título deste novo álbum, passando pela recusa em manter uma imagem vendável (no mau sentido) e chegando a seu senso de humor bem peculiar, Wander é um independente radical. Seu terceiro álbum solo é mais suave e acústico do que os anteriores. O punk sujo e ortodoxo dos tempos dos Replicantes foi substituído por um som mais econômico e leve, adequado às (não raro ótimas) letras que falam, basicamente... de amor.
A faixa de abertura, Mantra das Possibilidades - uma das melhores do disco – entrega o clima do disco, com seu violão solitário. Rockões como Narciso Invertido ou Mini-Twin não são maioria no disco. O que domina são as baladas, mais (Delírio 32, Anjos & Demônios, O Sol que Me Ilumina) ou menos (Eu Não Bebo Mais Como Eu Bebia, Sétimo Céu) rápidas. Talvez seja Wander chegando à maturidade? Mais ou menos. Ainda que integrado a este esquema mais acústico, a ironia (que às vezes escorrega intencionalmente na bobeira explícita) continua. Como em Blues do Alemão, ou na Milonga Para um Homem de Poucos Dentes (que contém uma citação a Amigo Punk, dos conterrâneos do Graforréia Xilarmônica). Nas letras, Wander alterna lirismo inusitado, como em Mantra das Possibilidades (“Meu desejo é estar contigo / Mas eu não consigo / Eu sempre fico em paz”) e besteirol (“Não vou gastar meu dinheiro no dentista / Pra te agradar”) sem perder a face romântica.
(Marco Antonio Barbosa)
Faixas