LENDAS BRASILEIRAS
Zé Paulo Becker (2001)
Crítica
Cotação:
Conferir ao popular a sofisticação do erudito: esta parece ser a missão que o violonista Zé Paulo Becker parece impôr a si mesmo no álbum Lendas Brasileiras. Aluno de Turíbio Santos e integrante do Trio Madeira Brasil, em seu primeiro álbum solo Becker parte da MPB para alçar vôos instrumentais de rara beleza, que ultrapassam as convenções do "meramente popular" e encantam pelo virtuosismo e inspiração.
O músico escolheu canções bem conhecidas para esbanjar sua técnica, neste álbum quase 100% de violão solo (não fosse pela percussão de Beto Cazes em algumas faixas). Na seleção de faixas, ele exibe sua noção de ecletismo, saindo do sofisticado samba carioca (Amor Proibido, de Cartola), passando pelo Nordeste (Feira de Mangaio, de Sivuca/Glória Gadelha), incorpora o lirismo de Chico Buarque duas vezes (Todo Sentimento e Choro Bandido) e desemboca no chorinho, domínio seu por excelência (Gotas de Ouro, de Ernesto Nazareth). Aliás, um tom "chorão" permeia todo o álbum, no toque sincopado que Becker imprime a seu violão.
A escolha de músicas a princípio óbvias demais não impede que o instrumentista surpreenda o ouvinte com suas recriações. A complexidadade rítmica emprestada ao forró de Feira de Mangaio impressiona, assim como a demonstração de técnica exibida em Feitiço da Vila - que não se perde em virtuosismo inútil e mantém sempre na lembrança o tema básico criado por Noel Rosa, mesmo em meio aos vôos dos dedos de Becker. Na versão de Choro Bandido, o violonista emociona ao evocar (e valorizar) a riqueza da melodia com seu dedilhado. O mesmo tom emocionado recobre a faixa-título, de Guinga (admirador confesso de Becker) e Aldir Blanc.
Adeptos da música instrumental "pura" vão se deliciar com a inclusão de dois temas de Egberto Gismonti (Infância e Palhaço), evidenciando a intimidade de Becker com a intrincada musicalidade do compositor. Fechando a tampa, uma passagem por Fato Consumado (Djavan) devidamente enriquecida pela percussão de Beto Cazes, fazendo sambinha sofisticado com direito a solos caprichados de violão. Um disco de classe, que dá conta da versatilidade e da inteligência de um ótimo músico.(Marco Antonio Barbosa)
O músico escolheu canções bem conhecidas para esbanjar sua técnica, neste álbum quase 100% de violão solo (não fosse pela percussão de Beto Cazes em algumas faixas). Na seleção de faixas, ele exibe sua noção de ecletismo, saindo do sofisticado samba carioca (Amor Proibido, de Cartola), passando pelo Nordeste (Feira de Mangaio, de Sivuca/Glória Gadelha), incorpora o lirismo de Chico Buarque duas vezes (Todo Sentimento e Choro Bandido) e desemboca no chorinho, domínio seu por excelência (Gotas de Ouro, de Ernesto Nazareth). Aliás, um tom "chorão" permeia todo o álbum, no toque sincopado que Becker imprime a seu violão.
A escolha de músicas a princípio óbvias demais não impede que o instrumentista surpreenda o ouvinte com suas recriações. A complexidadade rítmica emprestada ao forró de Feira de Mangaio impressiona, assim como a demonstração de técnica exibida em Feitiço da Vila - que não se perde em virtuosismo inútil e mantém sempre na lembrança o tema básico criado por Noel Rosa, mesmo em meio aos vôos dos dedos de Becker. Na versão de Choro Bandido, o violonista emociona ao evocar (e valorizar) a riqueza da melodia com seu dedilhado. O mesmo tom emocionado recobre a faixa-título, de Guinga (admirador confesso de Becker) e Aldir Blanc.
Adeptos da música instrumental "pura" vão se deliciar com a inclusão de dois temas de Egberto Gismonti (Infância e Palhaço), evidenciando a intimidade de Becker com a intrincada musicalidade do compositor. Fechando a tampa, uma passagem por Fato Consumado (Djavan) devidamente enriquecida pela percussão de Beto Cazes, fazendo sambinha sofisticado com direito a solos caprichados de violão. Um disco de classe, que dá conta da versatilidade e da inteligência de um ótimo músico.(Marco Antonio Barbosa)
Faixas