NAÇÃO NORDESTINA
Zé Ramalho (2000)
Crítica
Cotação:
Há quem diga, torcendo o nariz, que o novo disco de Zé Ramalho, o duplo Nação Nordestina, está político demais, com excesso de canções de protesto. Esquecem que o compositor paraibano nasceu em Brejo da Cruz (“a terra onde as crianças se alimentam de luz”), é autor de Admirável Gado Novo e que nunca fez questão de fugir do tom panfletário. É verdade que ele poderia deixar de fora a mais do que manjada Pra Não Dizer que Não Falei de Flores, de Geraldo Vandré, que nem a garotada da UNE agüenta mais ouvir. No mais, Zé acerta na escolha dos músicos, no repertório e está bem amparado pela produção de Robertinho de Recife. Ótimas as regravações de Ele Disse, do sempre afiado Edgard Ferreira, responsável por grandes sucessos de Jackson do Pandeiro, e de Pau-de-Arara, de Luiz Gonzaga e Guio de Moraes. As participações de Fagner, em Garoto Ferido, e de Ivete Sangalo, em Amar quem Eu Já Amei, não são tão boas como as de Hermeto Pascoal e Naná Vasconcelos na faixa Violando com Hermeto, o ponto alto do CD. Boa a sacada de Zé de recriar a lendária capa do álbum Sgt. Pepper, dos Beatles. No lugar de Bob Dylan, Marx, James Dean, personagens da capa original, surgem os ícones nordestinos — João do Vale, Jackson do Pandeiro, Luiz Gonzaga e Lampião. Só fica a pergunta: o que o glorioso Maguila está fazendo no meio dessa gente toda?
(Tom Cardoso)
Faixas
DISCO 1
DISCO 2
