DIVINA SAUDADE
Zezé Motta (2000)
2000
Albatroz
3306169-2
Crítica
Cotação:
Zezé Motta derrama seu timbre grave e bem dosado em Divina Saudade, um CD-tributo a Elizeth Cardoso, que nos deixou em 1990. Apesar de não ser uma intéprete tão visceral quanto a Divina, ela releu de forma elegante e correta seu repertório. O melhor do álbum fica por conta da produção. É chique - a começar pelo belo projeto gráfico, com Zezé posando como cantora dos anos 50 - e com arranjos econômicos de Roberto Menescal e Flávio Mendes (ambos também produtores do CD), melhores do que os das últimas produções da Albatroz. Que ninguém espere por uma moldura eletrônica ou por acabamento influenciado pelo pop londrino. É um disco de MPB, digamos, de raiz. Porém, não é rançoso. Traz uma gostosa nostalgia, mas sem cheiro de naftalina. O repertório engloba as várias fases da carreira da Divina. Do marco inicial Canção de Amor, passando pelo emblemático álbum Canção do Amor Demais (Estrada Branca, Chega de Saudade), chegando aos sambas envenenados de Baden & Vinicius (Consolação e Tem Dó), sem omitir seus lados chorona (Noites Cariocas, Lamento), sambista (O Amor e a Rosa, Tristeza) e romântica deslavada, bem anos 50 (Nossos Momentos e a kitsch Tudo É Magnífico). Mesmo sem terem sido celebrizadas por Elizeth, A Noite do Meu Bem e Molambo foram incluídas no repertório. A primeira com delicioso arranjo bluesy e a segunda num clima bossa light. Em ambas, a guitarra de Menescal está mais Barney Kessel do que nunca. Cool total. É claro que Zezé não supera Elizeth nas interpretações (e nem seria esta a intenção). Em algumas faixas, a cantora é contida demais. De qualquer forma, é um tributo bem feito, que deve crescer muito no palco.
(Rodrigo Faour)
Faixas
Tem dó (Baden Powell, Vinicius de Moraes)
Feitio de oração (Vadico, Noel Rosa)
Lamento (Pixinguinha, Vinicius de Moraes)
Samba triste (Billy Blanco, Baden Powell)
Tudo é magnífico (Haroldo Barbosa, Luis Reis)
Tristeza (Haroldo Lobo, Niltinho)