Alcides Malandro Histórico da Portela
Um dos mais lendários sambistas da Portela, Alcides Dias Lopes, o "malandro histórico", como ficou conhecido, era famoso por ter uma voz que se destacava e uma memória prodigiosa. Trabalhou na Rede Ferroviária Federal como sinalizador de trens, e se aposentou nessa profissão. A fase da malandragem deu-se por encerrada na década de 40, quando casou-se com Guiomar e abandonou a boemia. Em 1947 compôs sua música de maior sucesso, a autobiográfica "Vivo Isolado do Mundo". A primeira gravação desta música foi feita por Candeia, que incorporou alguns versos (cantados até hoje) mas nunca entrou oficialmente como parceiro. Um de seus parceiros mais constantes foi Monarco. A primeira parceria entre os dois foi "Amor de Malandro" (1950), seguida por "Enganadora" (ambas gravadas por João Nogueira), "Se Eu Soubesse Vem Depois" (registrada por Beth Carvalho) e "Você Pensa que Eu Me Apaixonei" (gravada por Roberto Ribeiro). Alcides compôs com outros sambistas, como Nelson Cavaquinho, parcerias que permanecem inéditas. Apesar de ter sido excelente intérprete e um arquivo de sambas não só da Portela mas de todas as escolas, Alcides nunca gravou um disco individual. Os únicos registros disponíveis são duas participações ao lado de Dona Ivone Lara nas músicas "Quando a Maré" (Antônio Caetano) e "Já Chegou Quem Faltava" (Nilson Gonçalves), presentes no disco "Samba, Minha Verdade, Minha Raiz" (Odeon, 1978) e na coletânea da sambista para a série Raízes do Samba.