47 DO SEGUNDO TEMPO

Não fosse por um detalhezinho não muito sutil - a existência do Charlie Brown Jr. - este disco do Cajamanga teria certamente mais destaque do que deve receber. Ora, por mais que os rapazes tentem diversificar, a semelhança entre as duas bandas é grande. E não se trata de plágio, e sim de uma questão de dividir as mesmas influências e virem ambas do mesmo cenário. Sendo assim, o impacto de 47 do Segundo Tempo fica diminuído pela impressão de "já ouvi isso antes...". Tudo se agrava quando percebe-se que, a rigor, o grupo não tem nada que o diferencie da horda de imitadores que campeia por aí. Sobram então 13 canções repletas de uma adrenalina meio forçada, com as viradinhas estilísticas de praxe. Um pouquinho de reggae, outro tanto de punk, mas tudo de acordo com a receita de bolo "funk-metal-popinho" aparentemente muito agressiva, mas prontinha para as FMs.

Fazendo o máximo esforço para julgar os rapazes por seus méritos, sem comparações, há alguns méritos no disco. A voz de Cristopher é realmente boa, quando não soa muito forçada. Em certos momentos, a mistureba funciona e quase dá a impressão de uma banda convincente. Problema é um desses momentos; Cajamanga Style e seu groove maroto, é outro. Pena que as letras em geral não digam praticamente nada (quando querem falar sério, como em Deus, complica mais ainda), pena que eles tenham que apelar para covers requentadas e de gosto duvidoso - como classificar de outra forma a versão em português de Informer (de ...), transformada na equivocada Em Forma? O material original não consegue fugir muito dos clichês da escola Charlie Brown, seja nas horas pesadas (Pose) ou nos momentos mais descontraídos (Ela Só Gostava de Reggae). Por incrível que pareça, a versão de Tudo Azul (Lulu Santos) soa redonda e empolgante. Mas como ficou lá pro final do CD... (Carla Leite)