500 ANOS DE FOLIA - 100% AO VIVO
Jair Rodrigues (1999)
Crítica
Cotação:
Reunindo as sobras do vitorioso CD ao vivo do ano passado e mais alguns números gravados ao vivo em estúdio, Jair Rodrigues lança mais um volume de 500 Anos de Folia, 100% Ao Vivo (Trama). Divertido, alegre e com a voz lá em cima (bem tenor, tipo Jamelão, só que mais vibrante), o cantor esbanja energia mais uma vez, aos inacreditáveis 60 anos. O repertório mais uma vez é calcado, em sua maioria, nos grandes sambas jazzísticos da MPB dos anos 60, tais como O Morro Não Tem Vez, O Sol Nascerá, Chove Chuva, Upa Neguinho e Canto de Ossanha. E, como no anterior, engata em baiões clássicos como Asa Branca e O Último Pau de Arara, flerta com um número sertanejo pioneiro, Luar do Sertão e cai em sambões, como Na Beira do Mar (Ary do Cavaco/ Otacílio) e um pot-pourri com Foi um Rio que Passou em Minha Vida, Mangueira – Minha Querida Madrinha (Tengo, Tengo) e Festa Para um Rei Negro (Pega no Ganzê). Com um repertório desses, realmente, não tem erro! É uma seleção, aliás, muito familiar a um cantor da escola de Jair, que fez-se no Fino da Bossa, defendeu a nordestina Disparada num festival e depois seguiu alternando sambas e canções sertanejas no repertório. Entre as inéditas do disco, destacam-se a boa Tambores (Paulo César Pinheiro) e a média Esquece, de seu filho Jairzinho, em homenagem ao cantor Agostinho dos Santos. Essa última encerra o disco numa lamentável quebra de clima, pois, vindo depois de clássicos como Upa Neguinho, Canto de Ossanha e Asa Branca fica difícil ouvir uma canção derramada como essa. O referido pot-pourri de sambas é que deveria encerrar o CD. Mas isso é o de menos. O disco é vibrante. Felizmente, melhor produzido e à frente de um repertório mais de acordo com seu talento, Jair está podendo provar que ainda é um dos grandes cantores da MPB em atividade, sem medo de cantar com voz e suor, destoando de um modismo infeliz que vem escravizando a música do mundo atualmente: o do cantor sem voz e blasé.
(Rodrigo Faour)
Faixas
1
Pot-pourri:
Triste madrugada (Jorge Costa)
A minha madrugada (Jair Rodrigues-Carlos Odilon-Eustáquio Sena)
Tristeza (Haroldo Lobo-Niltinho)
A minha madrugada (Jair Rodrigues-Carlos Odilon-Eustáquio Sena)
Tristeza (Haroldo Lobo-Niltinho)