A letra A
Nando Reis (2003)
Crítica
Cotação:
Enfim fora dos Titãs, depois de anos de dedicação a projetos paralelos e outros
interesses, Nando Reis parece querer reafirmar de forma 100% categórica suas
caracteristicas e idiossincrasias como compositor e cantor - como artista solo, enfim.
A Letra A é assim, um disco radical, recheado de músicas que não caberiam em
fase alguma da carreira dos Titãs; aliás, a bem da verdade, nem sequer poderiam ser
gravadas por qualquer outro artista que não o próprio Nando. Álbum de canções longas,
sem refrões definidos nem melodias instantaneamente grudentas (coisa que ele sabe
fazer quando quer) e uma sonoridade enxuta mas vigorosa, quase acústica, o quarto
trabalho solo de Nando é um disco que demora para "capturar" o ouvinte.
Pode ter sido até uma manobra intencional; ao escapar dos Titãs, Nando também quis
fugir do pop polido e fácil e resolveu desafiar a quem o escuta. O risco comercial
embutido na opção existe, o potencial de estranhamento também. É pop na essência,
pois é isso - compor pop - é o que Nando sabe fazer de melhor. Mas essa essência está
sob a superfície "difícil" de canções de seis, sete minutos, meio melancólicas, muito
românticas. Vale a pena o desafio? Vale.
Mesmo solo, Nando não abdicou de buscar um "som de banda" para A Letra A. Esta "banda" - que inclui os americanos Barret Martin (baterista dos Screaming Trees) e Peter Buck (guitarrista do R.E.M.) - revela um pendor para o folk-rock setentista à moda de um Neil Young, por exemplo. Apesar dos instrumentos usados serem básicos e poucos (muito violão, alguns teclados, baterias e guitarras sem excessos), a opção estética dá coerência e "liga" aos arranjos, que ornamentam um disco homogêneo, sem grandes altos ou baixos. Nando soa leve e despretensioso mesmo nas mais longas faixas, como Hoje Mesmo ou Dentro do Mesmo Time. Mais ainda, quando relaxa de vez e concebe o quase-rockão De Mãos Dadas, ou sucumbe à delicadeza da faixa-título (na qual divide o vocal com sua filha de 15 anos). Vale a pena também reouvir Luz do Sol, gravada com sucesso por Cássia Eller no Acústico, voltando aqui numa versão catártica - apesar de suave. E assim é Nando Reis: cantor não-convencional, roqueiro sem guitarra, compositor pop sem refrões, mas sem dúvida dono de uma trajetória para lá de sólida.(Marco Antonio Barbosa)
Mesmo solo, Nando não abdicou de buscar um "som de banda" para A Letra A. Esta "banda" - que inclui os americanos Barret Martin (baterista dos Screaming Trees) e Peter Buck (guitarrista do R.E.M.) - revela um pendor para o folk-rock setentista à moda de um Neil Young, por exemplo. Apesar dos instrumentos usados serem básicos e poucos (muito violão, alguns teclados, baterias e guitarras sem excessos), a opção estética dá coerência e "liga" aos arranjos, que ornamentam um disco homogêneo, sem grandes altos ou baixos. Nando soa leve e despretensioso mesmo nas mais longas faixas, como Hoje Mesmo ou Dentro do Mesmo Time. Mais ainda, quando relaxa de vez e concebe o quase-rockão De Mãos Dadas, ou sucumbe à delicadeza da faixa-título (na qual divide o vocal com sua filha de 15 anos). Vale a pena também reouvir Luz do Sol, gravada com sucesso por Cássia Eller no Acústico, voltando aqui numa versão catártica - apesar de suave. E assim é Nando Reis: cantor não-convencional, roqueiro sem guitarra, compositor pop sem refrões, mas sem dúvida dono de uma trajetória para lá de sólida.(Marco Antonio Barbosa)
Faixas