A MÚSICA BRASILEIRA DESTE SÉCULO POR SEUS AUTORES E INTÉRPRETES - BILLY BLANCO
Billy Blanco (2000)
Crítica
Cotação:
O paraense Billy Blanco deu um colorido diferente à música brasileira especialmente nos anos 50, época em que colecionou vários sucessos. No programa MPB Especial (Ensaio), da TV Cultura, gravado em 1973 e reproduzido neste CD, ele revê os fatos mais representativos de sua carreira até então, intercalando depoimentos e músicas. Ele destaca, por exemplo, suas primeiras parcerias com Tom Jobim: Esperança Perdida, Sinfonia do Rio de Janeiro e o primeiro sucesso de uma melodia jobiniana, Tereza da Praia, nas vozes dos supostamente rivais Dick Farney e Lúcio Alves, em 1954. Sua principal intérprete, Dolores Duran, também é lembrada por Billy como uma "tremenda cantora". "Ela cantava gostoso, com aquele jeito do Johnny Alf de cantar", diz. Foi ela a sua intérprete mais constante, de músicas como Outono, Viva Meu Samba, Se o Papai Fosse Eleito, Estatuto de Boite, Estatuto de Gafieira e A Banca do Distinto. Todas, sambas-crônicas, o que Billy sempre fez muito bem, na esteira de seu precursor Miguel Gustavo, um ás do gênero. Sua fase bossa novista também está representada, com Samba Triste (parceria com Baden Powell) e Lágrima Flor (quando lembra o recém-falecido Wilson Simonal, que a celebrizou). Billy mostra também seu caráter autocrítico. "Cantava muito naquela época, depois desaprendi". O compositor também mostra-se impiedoso quanto a seu primeiro sucesso, Pra Variar, gravado pelos Anjos do Inferno. "É uma música de Carnaval horrorosa". Ele mostra também a pouco conhecida (e longa) Sinfonia Paulistana. "De Anchieta à Rua Augusta. Minha mulher é paulista e fiz isso para ela", justifica. O áudio do programa de Billy não está tão bom quanto o de outros volumes da coleção, mas ainda assim o disco é um bom programa.
(Rodrigo Faour)
Faixas