A MÚSICA BRASILEIRA DESTE SÉCULO POR SEUS AUTORES E INTÉRPRETES - BLECAUTE
Black-Out (2001)
Crítica
Cotação:
Antes de se dedicar à vida de cantor, o "General da Banda" Blecaute foi engraxate, vendedor de jornais, como "A Gazeta", e até borracheiro. Tais revelações podem ser conferidas em mais um volume da série A Música Brasileira Deste Século por Seus Autores e Intérpretes (à venda somente no site www.sescsp.com.br), retirado do programa MPB Especial, da TV Cultura. O especial de Blecaute foi gravado em junho de 1975, oito anos antes de sua morte. Quem não conhece o cantor, pode estranhar seu nome artístico. Na verdade, Otávio Henrique de Oliveira foi batizado de Black-Out pelo cantor, compositor e radialista Capitão Furtado por causa dos freqüentes apagões ocorridos na época do pós-guerra. Era um apelido perfeito, pois ele era um negão de sorriso maior que o rosto, com uma simpatia contagiante. Incentivado pela cantora Heleninha Costa, Blecaute deixou os bicos que fazia para sobreviver e colecionou sucessos carnavalescos, entre sambas e marchas, a partir de 1949, quando gravou Pedreiro Valdemar e General da Banda (esta última acabou sendo seu prefixo, pois além do sucesso do samba, Blecaute encarnava o próprio personagem da música, trajando roupas alegres e comandando folias carnavalescas e até torcidas de futebol). Ambos estão neste CD, ao lado de outros sambas de Ataulfo Alves, Geraldo Pereira, Haroldo Barbosa etc, e principalmente marchinhas imortais, como quatro da dupla Klecius Caldas e Armando Cavalcanti que lhe conferiram popularidade absoluta na primeira metade dos anos 50: Maria Candelária, Maria Escandalosa, Papai Adão e Dona Cegonha. Ele canta também a clássica Natal das Crianças, de sua própria autoria, e uma de suas últimas gravações, a hilária marchinha Romeu e Julieta (75), de Max Nunes e Laércio Alves, que diz: "Romeu e Julieta/ Que coisa mais careta/ (...) Os dois se apaixonaram/ A coisa ficou preta/ Então se suicidaram/ Que coisa mais careta". Blecaute era de uma época em que era viável cantar algo inteligente e divertido no carnaval. Bons tempos...(Rodrigo Faour)
Faixas