A MÚSICA BRASILEIRA DESTE SÉCULO POR SEUS AUTORES E INTÉRPRETES - DOMINGUINHOS
Dominguinhos (2000)
Crítica
Cotação:
Dominguinhos tem um carisma inapelável. Com seu jeito de bom moço nordestino, o sanfoneiro, excelente intérprete e compositor de mão cheia, parceiro de grandes medalhões da MPB, conta um pouco de sua trajetória musical nesta gravação do programa Ensaio, de 1990. É a história do menino imigrante de Garanhuns, em Pernambuco, que foi com a família para o Rio de Janeiro (primeiro para Nilópolis, onde trabalhou por muito tempo como entregador de tinturaria) e se tornou um astro nacional da sanfona.
Mas não da noite para o dia. Algumas das faixas mais interessantes são aquelas em que Dominguinhos mostra as músicas que tinha de tocar quando era músico da noite, em boates, cabarés e gafieiras. Muita música americana, por exemplo. Segundo ele, "hoje está bem melhor, naquela época só se tocava música americana", diz, antes de atacar o standard Tenderly. Música francesa também, como La Vie en Rose e Sous Le Ciel de Paris. E até bossa nova, como Rapaz de Bem e Triste. Dos muitos anos em que tocou em emissoras de rádio, Dominguinhos tirou a lição de que "sanfoneiro que se preza tem que saber acompanhar tudo": baião, forró, xote, choro, samba, samba-canção.
A influência do mestre Gonzagão faz-se sentir em várias passagens. Afinal, foi o velho Lua, já famoso, que o incentivou pela primeira vez em sua Garanhuns natal, dando-lhe dinheiro para que comprasse um instrumento novo e fornecendo o endereço no Rio de Janeiro, para o caso de um dia o menino querer aparecer. O menino apareceu, e ganhou uma sanfona profissional do Rei do Baião. "Depois disso nunca mais passei fome", diz Dominguinhos na entrevista, acrescentando que "todo sanfoneiro tem um pouquinho de Luiz Gonzaga". Outra figura importante em sua carreira, Pedro Sertanejo, também é lembrado. Dono da gravadora Cantagalo, de São Paulo ("onde todo mundo da música nordestina gravou, menos Luiz Gonzaga e Marinês"), ele foi o principal incentivador de seu primeiro LP, Fim de Festa, de 1964. Deste disco, Dominguinhos relembra Ingratidão, de Zé do Baião.
Além da sanfona, Luiz Gonzaga deu amizade e companheirismo ao novato Dominguinhos (inicialmente conhecido como Neném da Sanfona). Foi padrinho do primeiro casamento e do primeiro filho do músico, apesar dos protestos com que recebeu a notícia de que o pernambucano se casava aos 17 anos de idade. A primeira esposa, Anastácia, é uma de suas grandes parceiras. Com ela compôs clássicos como Eu Só Quero um Xodó e Tenho Sede, que apropriadamente abrem o repertório do programa. Outros parceiros como Fausto Nilo, Chico Buarque, Gilberto Gil e até a pequena filha Liv, então com nove anos, são lembrados. E até uma curiosidade: a linda Tantas Palavras, de Dominguinhos e Chico, foi feita para Roberto Carlos, que ficou anos com a fita e nunca gravou.
Vale lembrar que os discos da coleção não são vendidos separadamente. Mais informações no site do Sesc: www.sescsp.com.br
(Nana Vaz de Castro)
Mas não da noite para o dia. Algumas das faixas mais interessantes são aquelas em que Dominguinhos mostra as músicas que tinha de tocar quando era músico da noite, em boates, cabarés e gafieiras. Muita música americana, por exemplo. Segundo ele, "hoje está bem melhor, naquela época só se tocava música americana", diz, antes de atacar o standard Tenderly. Música francesa também, como La Vie en Rose e Sous Le Ciel de Paris. E até bossa nova, como Rapaz de Bem e Triste. Dos muitos anos em que tocou em emissoras de rádio, Dominguinhos tirou a lição de que "sanfoneiro que se preza tem que saber acompanhar tudo": baião, forró, xote, choro, samba, samba-canção.
A influência do mestre Gonzagão faz-se sentir em várias passagens. Afinal, foi o velho Lua, já famoso, que o incentivou pela primeira vez em sua Garanhuns natal, dando-lhe dinheiro para que comprasse um instrumento novo e fornecendo o endereço no Rio de Janeiro, para o caso de um dia o menino querer aparecer. O menino apareceu, e ganhou uma sanfona profissional do Rei do Baião. "Depois disso nunca mais passei fome", diz Dominguinhos na entrevista, acrescentando que "todo sanfoneiro tem um pouquinho de Luiz Gonzaga". Outra figura importante em sua carreira, Pedro Sertanejo, também é lembrado. Dono da gravadora Cantagalo, de São Paulo ("onde todo mundo da música nordestina gravou, menos Luiz Gonzaga e Marinês"), ele foi o principal incentivador de seu primeiro LP, Fim de Festa, de 1964. Deste disco, Dominguinhos relembra Ingratidão, de Zé do Baião.
Além da sanfona, Luiz Gonzaga deu amizade e companheirismo ao novato Dominguinhos (inicialmente conhecido como Neném da Sanfona). Foi padrinho do primeiro casamento e do primeiro filho do músico, apesar dos protestos com que recebeu a notícia de que o pernambucano se casava aos 17 anos de idade. A primeira esposa, Anastácia, é uma de suas grandes parceiras. Com ela compôs clássicos como Eu Só Quero um Xodó e Tenho Sede, que apropriadamente abrem o repertório do programa. Outros parceiros como Fausto Nilo, Chico Buarque, Gilberto Gil e até a pequena filha Liv, então com nove anos, são lembrados. E até uma curiosidade: a linda Tantas Palavras, de Dominguinhos e Chico, foi feita para Roberto Carlos, que ficou anos com a fita e nunca gravou.
Vale lembrar que os discos da coleção não são vendidos separadamente. Mais informações no site do Sesc: www.sescsp.com.br
(Nana Vaz de Castro)
Faixas
9
Pot pourri
Zíngara (Joubert de Carvalho - Olegário Mariano)
La vie en rose (Louiguy - Piaf)
Sous le ciel de Paris (Hubert Giraud - Jean Drejac)
La vie en rose (Louiguy - Piaf)
Sous le ciel de Paris (Hubert Giraud - Jean Drejac)