A MÚSICA BRASILEIRA DESTE SÉCULO POR SEUS AUTORES E INTÉRPRETES - ROBERTO MARTINS

Roberto Martins (2000)

2000
Crítica

Cotação:

Diretamente da Era de Ouro da MPB, o compositor Roberto Martins é um daqueles expoentes de nossa música mais conhecido por sua obra que por seu nome. Quem não se lembra de "Cai, cai, eu não vou te levantar/ quem mandou se escorregar?"; "Meu consolo é você, meu grande amor/ eu explico porque..." e "Beija-me/ deixa teu rosto coladinho ao meu..."? Aos 81 anos, apenas um antes de morrer, em 1992, com a voz já maltratada pelo tempo, porém com muita energia, ele gravou sua participação no programa MPB Especial (Ensaio), da TV Cultura (SP), que deu origem ao CD, no qual ele canta e conta suas ótimas histórias. Roberto começa falando da influência de sua mãe, que tocava na época do cinema mudo. Depois, descreve a Praça Onze de então, com todos os seus malandros célebres, como o Mulatinho do Catete, "que morreu com 18 tiros". Fala de um Rio de Janeiro em que os caminhões tinham de ser pesados para não estragar a pavimentação das ruas. Diz que o sujeito chegava num botequim ("que não fechava nem de madrugada") e pedia manteiga "para não ficar feio pedir um copo de cachaça". Foi nesse ambiente que ele começou a compor, enquanto trabalhava como policial. Inscreveu seu nome na MPB a partir do sucesso de Favela com Francisco Alves, em 1936 ("Favela, oh! Favela que trago no meu coração..."). Ele revela que quem mais gravou suas músicas foram Aracy de Almeida, Nelson Gonçalves, Gilberto Alves, Anjos do Inferno, Carlos Galhardo além do referido Chico Viola, que segundo ele, "era bruto, mas era bom". Martins revezou sucessos em fox-canção, como Adeus, Dá-me Tuas mãos e Renúncia ("Difícil no amor é saber renunciar"), valsa (Bodas de Prata) e os irresistíveis sambas e marchas carnavalescos. Caso da ousada Pedreiro Waldemar, que a censura do Estado Novo não queria deixar sair: "Você conhece o Pedreiro Waldemar/ não conhece mas eu vou lhe apresentar/ de madrugada/ toma o trem da circular/ faz tanta casa e não tem casa pra morar". Ele diz que o Carnaval acabou quando Carlos Lacerda extinguiu os bondes. "Carnaval era bonde, corso de automóveis e bairros enfeitados". Entre suas músicas mais famosas no gênero carnavalesco, há Fala Tagarela e a irresistível e atualíssima O Cordão dos Puxa-Sacos. "Lá vem o cordão dos puxa sacos dando vivas aos seus maiorais/ quem está na frente está passando para trás/ e o cordão dos puxa-sacos cada vez aumenta mais". (Rodrigo Faour)
Faixas
Ouvir todas em sequência
1 Pot pourri Ouvir
Cai cai (Roberto Martins)
Meu consolo é você (Roberto Martins-Nássara)
Adeus mocidade (Roberto Martins-Benedito Lacerda)

2 O teu riso tem... Ouvir
(Wilson Batista, Roberto Martins)
5 Pedreiro Waldemar Ouvir
(Wilson Batista, Roberto Martins)
6 Marchinha do pintor Ouvir
(Antônio Nássara, Roberto Martins)
8 Tagarela Ouvir
(Frazão, Roberto Martins)
9 Cadê Zazá Ouvir
(Ary Monteiro, Roberto Martins)
11 O cordão dos puxa-sacos Ouvir
(Frazão, Roberto Martins)
12 É ela Ouvir
(Roberto Martins)
13 O bigode do rapaz Ouvir
(Garcez, Roberto Martins)
14 Beija-me Ouvir
(Mário Rossi, Roberto Martins)
16 Dá-de tuas mãos Ouvir
(Roberto Martins, Mário Lago)
17 Renúncia Ouvir
(Mário Rossi, Roberto Martins)
18 Último beijo Ouvir
(Jorge Faraj, Roberto Martins)
19 Bodas de prata Ouvir
(Mário Rossi, Roberto Martins)
20 Minha homenagem Ouvir
(Roberto Martins)
 
A MÚSICA BRASILEIRA DESTE SÉCULO POR SEUS AUTORES E INTÉRPRETES - ROBERTO MARTINS