ADONIRAN BARBOSA - SEU ÚLTIMO SHOW GRAVADO AO VIVO
Adoniran Barbosa (2000)
Crítica
Cotação:
Os sambas de Adoniran Barbosa são únicos. Têm um sabor brejeiro e são ao mesmo tempo melancólicos e divertidos, fenômeno raro no gênero, pois via de regra eles tendem sempre para um dos dois lados. Além disso, são sambas que remetem à São Paulo dos imigrantes pobres italianos, do Brás e do Bixiga, de meados do século passado, com seu sotaque peculiar e uma descrição precisa dos detalhes de seu cotidiano. Agora a Kuarup lança o último registro ao vivo do compositor, gravado em março de 1979 no Ópera Cabaré (SP), três anos antes de sua morte. Nesse espetáculo, o ouvinte poderá conferir 13 grandes canções do compositor, com sua voz rouca e caricata inconfundível, com direito a um ou outro "causo" divertido, contados com a maestria de quem já foi radioator cômico, criando diversos tipos como o judeu da prestação - isso muito antes de estrear como compositor. Quem já possui os discos de Adoniran ou do grupo Demônios da Garoa, com as gravações originais e antológicas de todas as suas canções, não vai se entusiasmar tanto com este lançamento. Ainda mais porque o grupo Talismã que acompanha o compositor é apenas um carbono mal-feito dos Demônios. Mas é o tal negócio: se a toda hora o mercado fonográfico nos inunda com novas gravações das mesmas músicas de Beatles, Elvis Presley e companhia, por que não com Adoniran - que é também ótimo e muito menos lembrado que os ícones do rock? Além do valor documental, o disco servirá também para divulgar jóias menos manjadas de compositor, como Uma Simples Margarida (Samba do Metrô), Já Fui uma Brasa e a mais rara de todas, Rua dos Gusmões.(Rodrigo Faour)
Faixas