ALUGAM-SE ASAS PARA O CARNAVAL
Jorge Cabeleira (2001)
2001
Manguenitude
482.649/2-470518
Crítica
Cotação:
Bravo Jorge Cabeleira e O Dia Em que Seremos Todos Inúteis. Depois de surgir em 1994 na primeira geração manguebeat - com um ótimo LP de estréia - o grupo calou-se por anos a fio, imprensado na síndrome "longe demais das capitais". Afinal, a banda nunca fez o périplo Recife-eixo RJ/SP, pecado mortal na mentalidade da grande mídia. Seu segundo álbum, mais do que um trabalho temporão, prova que o tempo passou para o JC, mas não o estagnou. Diferente dos grupos de sua geração (Nação Zumbi e Mundo Livre S/A), que preconizavam a fusão do regionalismo com (uma certa) MPB e a universalidade pop, o JC sempre foi mais roqueiro e agreste. Revitalizavam o legítimo rock nordestino - épico, árido e entupido de guitarras - criado por Alceu Valença nos anos 70. Alugam-se Asas Para o Carnaval segue este cânone, feito de lirismo cru e distorção. Mais sujo e dançante que o primeiro álbum, este novo CD mostra que a autenticidade do som dos recifenses está intacta; e também que ainda há o que criar na cruza entre o regional e o pop.
A grande novidade em relação ao primeiro disco é a inclusão em várias faixas de um naipe de metais, que confere um suingue interessante à sonzeira do quarteto. Dirceu, Pedro, Leão e Rodrigo soam como um grupo de hard rock setentista transplantado para o Nordeste, mas não se deixam limitar por uma fórmula. O balanço ledzepelliniano de Rock do Diabo e o (quase) blues eletrificado de Na Boca do Mundo mostram o débito do grupo com os anos 70. Outros detalhes interessantes podem ser notados no riff sessentão, combinado com groove de metais, em Convite à Meia-noite - que tem ótima melodia pop. Ou na referência à psicodelia, presente em Timothy Leary's Groove, que incorpora de leve influências eletrônicas num empolgante tema instrumental. O sertão sente-se forte em Babylon, com precioso dedilhado inspirado na viola caipira - que desemboca mais um rockão pesado. Assim também é Desafio em Mourão; a tradição vira homenagem explícita em Vida na Estrada, que cita A Volta da Asa Branca, de Gonzagão. Até um inusitado reggae caatingueiro (Corpo Celeste THC 8888 e Mormaço) dá as caras, mostrando que as fronteiras musicais do JC não se limitam à mistureba original que eles criaram.(Marco Antonio Barbosa)
A grande novidade em relação ao primeiro disco é a inclusão em várias faixas de um naipe de metais, que confere um suingue interessante à sonzeira do quarteto. Dirceu, Pedro, Leão e Rodrigo soam como um grupo de hard rock setentista transplantado para o Nordeste, mas não se deixam limitar por uma fórmula. O balanço ledzepelliniano de Rock do Diabo e o (quase) blues eletrificado de Na Boca do Mundo mostram o débito do grupo com os anos 70. Outros detalhes interessantes podem ser notados no riff sessentão, combinado com groove de metais, em Convite à Meia-noite - que tem ótima melodia pop. Ou na referência à psicodelia, presente em Timothy Leary's Groove, que incorpora de leve influências eletrônicas num empolgante tema instrumental. O sertão sente-se forte em Babylon, com precioso dedilhado inspirado na viola caipira - que desemboca mais um rockão pesado. Assim também é Desafio em Mourão; a tradição vira homenagem explícita em Vida na Estrada, que cita A Volta da Asa Branca, de Gonzagão. Até um inusitado reggae caatingueiro (Corpo Celeste THC 8888 e Mormaço) dá as caras, mostrando que as fronteiras musicais do JC não se limitam à mistureba original que eles criaram.(Marco Antonio Barbosa)
Faixas

