AMOR SEM LIMITE
Roberto Carlos (2000)
Crítica
Cotação:
A forte depressão pela qual está passando Roberto Carlos desde a perda da mulher, Maria Rita, que morreu de câncer há um ano, foi revertida em forma de música. Ao invés de ir ao médico ou ao analista, o Rei jogou toda a sua angústia no CD que acaba de lançar. Confessadamente autobiográfico, Amor sem Limite é o primeiro álbum de Roberto que leva um título específico desde O Inimitável (67) – que fez para evitar comparações com o rival Paulo Sérgio. Fora o título e apesar da sinceridade, com a qual compôs versos como "O nosso amor está acima da razão e do passar do tempo", o conteúdo do disco é o mesmo de sempre. Só agradará aos fanáticos pelo cantor. Os arranjos são ultrapassados, a maioria das músicas continua apostando no gênero balada romântica e as letras não fogem dos clichês. Há sete canções inéditas na sua voz, cinco das quais de sua autoria. A melhor é O Grude (Um do Outro) que lembra – de longe – as boas canções de motel que Roberto fizera nos anos 70, como Seu Corpo, Olha e Café da Manhã. As demais são tristíssimas. Como a faixa O Amor É Mais, outra balada, que diz "O amor é um sentimento/ Está acima da razão/ E do passar do tempo (...) Amar como eu te amo/ Só uma vez na vida". A faixa-título beira o (neo)sertanejo de Zezé Di Camargo e companhia, com direito a um solo de guitarra horroroso e datado – lembra aqueles arranjos das músicas bregas dos anos 80. Todas as novas canções que compôs, assina sozinho. Com o velho amigo Erasmo, há apenas a religiosa Tu És a Verdade, Jesus. Há ainda no CD três regravações de músicas não muito expressivas de sua discografia, como Eu Te Amo Tanto (98), Quando Digo que Te Amo (96) e a (única animada do disco) Mulher Pequena (92). Fechando o repertório, o Queijinho de Minas, Martinha, compareceu com a balada (comum) Tudo e a dupla Eduardo Lages e Paulo Sérgio Valle, com (a melhorzinha) Momentos Tão Bonitos. Nada de novo no front. Que o Brasil se comova com a dor de seu maior ídolo da canção popular, tudo bem. Mas querer forçar a barra para dizer que este CD é mais inspirado que o das duas últimas décadas é – parafraseando a canção-título – exagero sem limite.(Rodrigo Faour)
Faixas