ANGELA MARIA - 2 LPS EM 1 CD
Ângela Maria (2001)
Crítica
Cotação:
Nos começo dos anos 60, Ângela Maria era a cantora mais popular do Brasil. Colecionava sucessos. Entre 1962 e 63, lançava os LPs Angela Maria Canta Para o Mundo, volumes 1 e 2. O primeiro volume estourou, acumulando pelo menos quatro sucessos, como a kitsch O Arlequim de Toledo (L'Arlequim de Toledo), o clássico fado (com arranjo abolerado) Foi Deus, a linda marcha-rancho A Lua É Camarada e até o divertido cha cha cha Beijo Roubado. Sim, este último era o ritmo da moda e caía como uma luva para a voz quente da cantora, dando asas à sua porção sapeca (ela gravou também sem o mesmo sucesso a machista Cha Cha Cha da Moça - que, na verdade, é de Haroldo Barbosa e Luiz Reis e não de Ary Barroso e Vinicius de Moraes, conforme está creditado no encarte). A dupla chegou a presentear a cantora com quatro músicas, todas agrupadas num compacto duplo lançado nessa época, das quais apenas uma está no LP de 62: a bela Já Era Tempo.
Mas Ângela sempre preferiu ser uma cantora de linhagem mais popular, haja vista a quantidade de canções de Adelino Moreira presentes nos dois LPs, como em duas inacreditáveis do segundo volume: o cha cha cha Mulher e Chita, que diz "A mulher é como chita/ Se para uns é feia/ Para outros é bonita", e o samba-canção Eu Acho Muito Engraçado, na qual a cantora encarna com perfeição a mulher traída e chega a rir - literalmente - das desculpas do marido em plena gravação. Ainda nesse disco, destacam-se sua belíssima versão (abolerada) para o fado Ai, Mouraria, uma interpretação dramática para o tango Sin Palabras e outra em que ela solta a franga à la Babalu (Ernesto Lecuona): Tabu, também de Lecuona, com vocalises à Yma Sumac. Uma delícia. São três faixas que valem o segundo volume. De quebra, ela canta em italiano (Vivere), espanhol (Los Piconeros) e grego (!) (Seus Olhos - Tá Mátia). Apesar do repertório irregular, são dois discos interessantes para que o ouvinte tenha uma idéia do cristal vocal de uma das cantoras mais importantes e influentes da história da MPB. (Rodrigo Faour)
Mas Ângela sempre preferiu ser uma cantora de linhagem mais popular, haja vista a quantidade de canções de Adelino Moreira presentes nos dois LPs, como em duas inacreditáveis do segundo volume: o cha cha cha Mulher e Chita, que diz "A mulher é como chita/ Se para uns é feia/ Para outros é bonita", e o samba-canção Eu Acho Muito Engraçado, na qual a cantora encarna com perfeição a mulher traída e chega a rir - literalmente - das desculpas do marido em plena gravação. Ainda nesse disco, destacam-se sua belíssima versão (abolerada) para o fado Ai, Mouraria, uma interpretação dramática para o tango Sin Palabras e outra em que ela solta a franga à la Babalu (Ernesto Lecuona): Tabu, também de Lecuona, com vocalises à Yma Sumac. Uma delícia. São três faixas que valem o segundo volume. De quebra, ela canta em italiano (Vivere), espanhol (Los Piconeros) e grego (!) (Seus Olhos - Tá Mátia). Apesar do repertório irregular, são dois discos interessantes para que o ouvinte tenha uma idéia do cristal vocal de uma das cantoras mais importantes e influentes da história da MPB. (Rodrigo Faour)
Faixas