ARQUIVO II (1991 - 2000)

Paralamas do Sucesso (2000)

2000
Crítica

Cotação:

Não é à toa que a segunda coletânea dos Paralamas, a que abrange o período 1991-2000 (ou seja, o segundo ciclo de nove anos de carreira da banda), abre com Trac Trac (Track Track). A versão do estiloso rock do argentino Fito Paez veio num momento delicado em que o Brasil vivia a ressaca do furacão Collor e o trio fazia mais sucesso entre os hermanos do que em casa. Depois da descoberta do Brasil com Selvagem (86), do triste e reflexivo (ainda que dançante em certas horas) Bora Bora (88) e da recaída balançada de Big Bang (89), os Paralamas acabariam por desembarcar naquele 91 no maduro Os Grãos. Além de Trac, esse disco trouxe uma das canções pops de mais alto nível dos Paralamas, pinçada para este Arquivo 2: Tendo a Lua, envolvente mesmo depois desse tempo todo. Das duas décadas pelo qual a banda passou em seus 18 anos de carreira, a segunda foi a mais difícil. Basta dizer que o primeiro Arquivo trazia 16 faixas (duas bônus: a regravação de Vital e Sua Moto, do primeiro disco, e uma leitura para Caleidoscópio, de Herbert, que havia se popularizado na voz de Dulce Quental). Aqui, no 2, são 12 as faixas, incluídas as duas bônus de praxe. Uma é a versão 2000 do velho sucesso Mensagem de Amor, que ficou acústico, latino (entre o tango e o flamenco, com castanholas e sopros) e psicodélico, ainda com surpresas depois que Léo Jaime e Lucas Santtana o gravaram. A outra, Aonde Quer Que Eu Vá, é um rock-balada sem maiores profundidades ou pretensões, que repete a parceria que deu a Ivete Sangalo o Se Eu Não Te Amasse Tanto Assim: Herbert Vianna e Paulo Sérgio Valle.

Ninguém procure achar em Arquivo 2 faixas do experimental e pouquíssimo tocado Severino (94) ou do último, Acústico (99), que devolveu os Paralamas ao topo das paradas com a versão de Que País É Esse?, da Legião Urbana. Do CD duplo Vamo Batê Lata (95) (formado por um disco ao vivo e um EP de quatro faixas), curiosamente, só entram faixas do EP, que teve três sucessos, todos incluídos na coletânea: o achado pop que é o reggae Uma Brasileira (parceria de Herbert com Carlinhos Brown, com participação de Djavan nos vocais), o baião funk raggamuffin Luís Inácio (300 Picaretas), de letra indignada, e a balada Saber Amar, que ditou o padrão sonoro dos Paralamas nos anos seguintes. Sim, porque apesar de uma bem-sucedida faixa pra pular como Lourinha Bombril (versão de Parate Y Mira, dos argentinos - olha eles aí de novo! - Los Pericos), os grandes sucessos do disco 9 Luas (96) foram mesmo as calmas, convencionais e bonitas La Bella Luna e Busca Vida. As três músicas estão no 2. Para não fugir à risca, os sucessos do álbum Hey Na Na (98) incluídos aqui foram os simpáticos reggaes Ela Disse Adeus e O Amor Não Sabe Esperar (com auxílio vocal de Marisa Monte). Ou seja: depois de uma primeira década de grandes feitos, os Paralamas até continuaram ousando - mas foi a eficiência pop que ganhou o público nos anos 90.(Silvio Essinger)
Faixas
Ouvir todas em sequência
1 Trac trac (Track track) Ouvir
(Fito Paez)
2 Tendo a lua Ouvir
(Tetê Tillet, Herbert Vianna)
3 Mensagem de amor Ouvir
(Herbert Vianna)
4 Lourinha Bombril (Parate y mira) Ouvir
(Diego Blanco, Bahiano)
5 La bella luna Ouvir
(Herbert Vianna)
6 Busca vida Ouvir
(Herbert Vianna)
7 Uma brasileira Ouvir
(Carlinhos Brown, Herbert Vianna)
8 Luís Inácio (300 picaretas) Ouvir
(Herbert Vianna)
9 Saber amar Ouvir
(Herbert Vianna)
10 Ela disse adeus Ouvir
(Herbert Vianna)
11 O amor não sabe esperar Ouvir
(Herbert Vianna)
12 Aonde quer que eu vá Ouvir
(Paulo Sérgio Valle, Herbert Vianna)
 
ARQUIVO II (1991 - 2000)