ARRANCA TOCO
Maurício Carrilho / Jorginho do Pandeiro / Pedro Amorim / Nailor Proveta (2000)
Crítica
Cotação:
Quem disse que só o jazz pode ser aleatório e improvisado (embora tantos jazzistas improvisem por partitura)? Quatro grandes músicos que nunca havia estado juntos reuniram-se no estudio da Acari Records dia 26 de agosto de 1999 após farta bacalhoada acompanhada de vinho, chope e – a despeito das possíveis condições gástricas desfavoráveis – mandaram ver. "Quatro horas mais tarde já tinhamos gravado as sete primeiras faixas deste CD", comemora um dos realizadores da façanha, Mauricio Carrilho (violão de 7 cordas, produção), no encarte. Com ele tocam Nailor Proveta Azevedo (clarinete, saxes soprano e tenor), Pedro Amorim (bandolim) e Jorginho (pandeiro), mais o reforço do cavaquinho de Luciana Rabello em participação especial. Logicamente o disco não ficou nisso: quatro meses depois com a vinda ao Rio do paulista Proveta foram gravados os quatro choros restantes, inéditos de autorias de Maurício e Pedro, registrados em mais seis horas, "incluindo as pausas pros cafezinhos". Apenas Pedrinho em Acari foi editado em dois takes, os outros todos foram gravados em no máximo "duas tomadas", sendo que ambas as do serelepe Cercando Frango (Pedro Amorim) foram incluídas. Nas primeiras sete faixas gravadas de bate-pronto, o quarteto releu de Pixinguinha (o dissertativo Cochichando) a Luis Americano (É do Que Há, um lamento do sopro em diálogo com o bandolim), Meira (a faixa título), Abel Ferreira (Chorando Baixinho) e o intrincado Modulando (Rubens Leal Brito) cheio de armadilhas para dueto entre bandolim e sete cordas, sopro & pandeiro. Na reta final, em celebrações como Mestre Jorginho do Pandeiro (aberto pelo próprio alinhavando as platinelas) ou Cercando Frango, os neochorões atestam o poder da (re)criação do gênero.(Tárik de Souza)
Faixas