ART POPULAR
Art Popular (2001)
2001
Virgin
810677-2
Crítica
Cotação:
Os fãs do Art Popular podem respirar aliviados. Este primeiro álbum do grupo sem o mentor, vocalista e principal compositor Leandro Lehart - queiram ou não, a "cara" do AP - não é um álbum sem Leandro Lehart. Apesar de ter oficialmente saído do grupo, Lehart continua mais presente que nunca, assinando sozinho 11 das 13 faixas, tocando vários instrumentos e pilotando a produção. Não há o que temer, pois: as espertas e ecléticas composições de Lehart continuam sendo o diferencial do Art Popular sobre todos os outros grupos concorrentes na engarrafada área do pagode.
O AP se deu ao luxo de retornar com um álbum de "samba de raiz"; um pedido do público, segundo o próprio grupo. E é de raiz, mesmo? Sim, nem que seja pela ambientação e arranjos das músicas. Compondo samba, Lehart pode não estar envolto na mesma aura de "legitimidade" conferida a contemporâneos como Zeca Pagodinho ou Dudu Nobre. Mas não é por ser menos "original do samba" que os outros, e sim porque suas canções nunca se limitaram ao partido-alto. Lehart já trafegou do dancehall ao pagode romântico, passando pelo samba-rock, forró, xote e as atuais fusões samba-soul-r'n'b que arrisca em sua carreira solo. Fazer sambão para ele chega a ser uma limitação, já que ele é um compositor "impuro" - ou, melhor dizendo, legitimamente pop.
Pop ou não, Lehart & companheiros saem-se bem em seu disco de raiz. Sem confundir produção de alto nível com exageros tecladísticos e/ou pirotecnias orquestrais, o grupo coloca a percussão à frente dos arranjos, e resgata cavaquinhos e metais. A temática das letras não foge dos generalismos românticos; mas a dignidade dos arranjos e as melodias cativantes as resgatam, quase sempre, do banal. Os sambas seguem cadenciados, como em Deixe Eu Ir À Luta, Oi ou Chora Chora (uma das melhores do álbum, que retorna em uma surpreendente versão instrumental em clima de gafieira). O clima "fundo de quintal" se impõe em Bate Pandeiro (de Evandro), enquanto os mais sentimentais podem se refugiar em Casinha e Luar ou Chora Chora. O decantado ecletismo de Lehart se manifesta apenas no xote Vai Tê Que Resolvê, que soa até meio deslocado no disco, e na bem conduzida fusão de pop romântico e samba em Pedra Preciosa.
Com Lehart fora - mas dando aquela força nos bastidores - o Art Popular não se desviou de sua rota e continua fazendo um competente samba pop. Podem muito bem ser os únicos de toda a cena pagodística que sabem diferenciar pop legítimo de breguice, e aí está a diferença.(Marco Antonio Barbosa)
O AP se deu ao luxo de retornar com um álbum de "samba de raiz"; um pedido do público, segundo o próprio grupo. E é de raiz, mesmo? Sim, nem que seja pela ambientação e arranjos das músicas. Compondo samba, Lehart pode não estar envolto na mesma aura de "legitimidade" conferida a contemporâneos como Zeca Pagodinho ou Dudu Nobre. Mas não é por ser menos "original do samba" que os outros, e sim porque suas canções nunca se limitaram ao partido-alto. Lehart já trafegou do dancehall ao pagode romântico, passando pelo samba-rock, forró, xote e as atuais fusões samba-soul-r'n'b que arrisca em sua carreira solo. Fazer sambão para ele chega a ser uma limitação, já que ele é um compositor "impuro" - ou, melhor dizendo, legitimamente pop.
Pop ou não, Lehart & companheiros saem-se bem em seu disco de raiz. Sem confundir produção de alto nível com exageros tecladísticos e/ou pirotecnias orquestrais, o grupo coloca a percussão à frente dos arranjos, e resgata cavaquinhos e metais. A temática das letras não foge dos generalismos românticos; mas a dignidade dos arranjos e as melodias cativantes as resgatam, quase sempre, do banal. Os sambas seguem cadenciados, como em Deixe Eu Ir À Luta, Oi ou Chora Chora (uma das melhores do álbum, que retorna em uma surpreendente versão instrumental em clima de gafieira). O clima "fundo de quintal" se impõe em Bate Pandeiro (de Evandro), enquanto os mais sentimentais podem se refugiar em Casinha e Luar ou Chora Chora. O decantado ecletismo de Lehart se manifesta apenas no xote Vai Tê Que Resolvê, que soa até meio deslocado no disco, e na bem conduzida fusão de pop romântico e samba em Pedra Preciosa.
Com Lehart fora - mas dando aquela força nos bastidores - o Art Popular não se desviou de sua rota e continua fazendo um competente samba pop. Podem muito bem ser os únicos de toda a cena pagodística que sabem diferenciar pop legítimo de breguice, e aí está a diferença.(Marco Antonio Barbosa)
Faixas