AS SÍLABAS
Suzana Salles (2001)
Crítica
Cotação:
Em seu terceiro CD, Suzana Salles tenta - e consegue - distinguir-se do atravancado cenário de cantoras "de repertório" que, na maioria dos casos, não conseguem dizer a que vieram. Em As Sílabas, ela sai na frente por desenvolver um trabalho bem pessoal, a começar por seu registro vocal, agudo e firme. Chama a atenção a delicadeza extrema na ambientação e arranjos das canções, quase 100% acústicas e movidas basicamente a piano (de Lincoln Antonio) e violão (Chico Saraiva). Já na música que abre o CD, a faixa-título (de Luiz "Rumo" Tatit), Suzana e seu grupo demonstram ter vida própria: fazem uma MPB refinada e sutil, com um leve cheiro da famigerada "vanguarda paulista" - comparações com Vânia Bastos ou Ná Ozetti podem proceder, e de forma justa.
Suzana equlibra-se bem entre extremos: passeia pela tradição ao interpretar com suavidade Foi Boto, Sinhá, peça ancestral do nosso cancioneiro; e depois recria com sobriedade uma intrincada canção de Brecht/Weill, Die Sieben Todsünden. Também ataca medalhões da MPB, desconstruindo o samba de Paulinho da Viola (Para Ver as Meninas) e relendo Chico Buarque (O Velho Francisco). E prova não ter medo do pop, sacando Paul Simon (50 Ways To Leave Your Lover), numa versão que ganhou um quase-balanço bem mansinho, diferente da gravação original.
Na hora de exibir-se como compositora, Suzana cerca-se companhias conceituadas. A cantora assina, em parceria com Chico César, Xangô, que brinca com sonoridades levemente orientais e tem uma letra cheia de aliterações malandras, típicas dos versos do compositor maranhense. É um dos bons momentos do álbum. Menos inspirada, mas ainda assim simpática, é La Luna È Bella, escrita com Ná Ozetti. Em outras canções inéditas do álbum, a cantora oscila: os agudos exagerados da complexa Valsa dos Olhos Costurados (co-assinada pelo pianista de Suzana, Lincoln Antonio) causam estranhamento. Já na marchinha Helena, que encerra o álbum, Suzana soa mais desenvolta e agradável.(Marco Antonio Barbosa)
Suzana equlibra-se bem entre extremos: passeia pela tradição ao interpretar com suavidade Foi Boto, Sinhá, peça ancestral do nosso cancioneiro; e depois recria com sobriedade uma intrincada canção de Brecht/Weill, Die Sieben Todsünden. Também ataca medalhões da MPB, desconstruindo o samba de Paulinho da Viola (Para Ver as Meninas) e relendo Chico Buarque (O Velho Francisco). E prova não ter medo do pop, sacando Paul Simon (50 Ways To Leave Your Lover), numa versão que ganhou um quase-balanço bem mansinho, diferente da gravação original.
Na hora de exibir-se como compositora, Suzana cerca-se companhias conceituadas. A cantora assina, em parceria com Chico César, Xangô, que brinca com sonoridades levemente orientais e tem uma letra cheia de aliterações malandras, típicas dos versos do compositor maranhense. É um dos bons momentos do álbum. Menos inspirada, mas ainda assim simpática, é La Luna È Bella, escrita com Ná Ozetti. Em outras canções inéditas do álbum, a cantora oscila: os agudos exagerados da complexa Valsa dos Olhos Costurados (co-assinada pelo pianista de Suzana, Lincoln Antonio) causam estranhamento. Já na marchinha Helena, que encerra o álbum, Suzana soa mais desenvolta e agradável.(Marco Antonio Barbosa)
Faixas