ATRAENTE

Quatro belas mulheres em poses, reiteremos, atraentes na capa de um disco de choro? E não apenas na capa. A argentina Paola Picherzky (violão), a paulista de Santo André Gabriela Machado (flauta transversa) e as paulistanas Ana Claudia César (cavaquinho) e Roseli Câmara (percussão) constituem o grupo As Choronas, rara incursão coletiva feminina no universo geralmente masculino do choro. E todas bateram estrada. Ana Claudia participou de oficinas de aperfeiçoamento com Lúcio (regional do Evandro), Luciana Rabello, Henrique Cazes, Márcio Almeida e Jaime Vignoli. Fundou a oficina de cavaquinho do Sesc Pompéia e coordena a prática de choro na Universidade Livre de Música de São Paulo. Roseli participou de oficinas com o grupo de choro Galo Preto, o percussionista Marcos Suzano e da excursão do grupo português Madredeus. Bacharel em flauta na UNESP, Gabriela integrou as orquestras Sinfônica de Sorocaba e atualmente as Sinfônicas de Santo André e Santos. Argentina de Mendoza, Paola formou-se em violão erudito pela faculdade de música Carlos Gomes de São Paulo e desenvolve trabalhos pedagógicos na Faculdade Santa Marcelina e Universidade Livre de Música. Mas se na prática a teoria é outra, as moças comprovam ter assimilado as lições. Trabalham com leveza e malícia um repertório que vai dos ancestrais Joaquim Calado (Flor Amorosa) e Chiquinha Gonzaga (Gaúcho, Atraente) a Jacob do Bandolim (Receita de Samba, Noites Cariocas) e Pixinguinha (Segura Ele, Cheguei e Urubatan, grafado errado sem o n na ficha técnica) e os mais contemporâneos Chico Buarque (o samba choro Meus Caros Amigos) e Hermeto Pascoal (no baião Bebê). Cheguei tem um componente percussivo de palmas que remete ao samba de roda e o clássico 1x0, de Pixinguinha, ganha introdução de Na Cadência do Samba, célebre abertura dos extintos jornais futebolísticos do Canal 100. O choro reforça sua ala feminina e espanta a sisudez.(Tárik de Souza)