AURORA 5365
Mônica Feijó (2001)
2001
Independente
MR0178
Crítica
Cotação:
A recifense Mônica Feijó estréia com dois pés direitos com seu Aurora 5365, cria tardia - e talvez por isso, mais refinada - do manguebeat pernambucano. Com a benção de Fred Zeroquatro (que escreve o texto de apresentação do encarte) e a ajuda de figuras carimbadas do cenário local (DJ Dolores, Pupilo), a cantora sai-se muito bem com um
disco que, mais do que apenas "muderno", soa legitimamente contemporâneo. Assim como os conterrâneos mundo livre S/A, Otto e Nação Zumbi, Mônica descarna a tradição da MPB - mais especificamente, do samba - para extrair um esqueleto a ser sintetizado com modernidades várias. As referências básicas para Aurora 5365 são os novos sons eletrônicos (notadamente o agitado drum'n'bass e o sutil e melancólico trip hop), argamassa para canções que recuperam a tradição sambística e a devolvem de cara nova para o mundo. Um belo fruto da terceira (ou seria quarta? quinta?) geração manguebeat.
Assim, a estreante arrisca um inovador drum'n'bass, inusitadamente orgânico e "humano" (pelas batidas tocadas "na mão") em Pés a Jato, Toca Pra Zumbi, e na ótima versão de O Filho Predileto de Xangô, de Jorge Mautner (feiamente grafado na contracapa e encarte como "Maltner"). Escava as raízes do batuque em Samba 104, na qual breakbeats eletrônicos convivem com cavaquinho. O trip hop baixa na bela No Céu da França, que leva a assinatura de Zé Brown, do Faces do Subúrbio, e também na faixa-título, com letra em inglês e português. A relação com o manguebeat se explicita nos covers de Destruindo a Camada de Ozônio, do mundo livre, e Eu Tenho Pressa, de Canibal (do grupo hardcore Devotos). A primeira ganhou uma batida irresistível, mesclada com scratches de hip hop e fraseados de trompete, tornando o que era "molenga" e jorgebeniano na versão original em uma espécie de acid jazz recifense (num estilo também audível em Amigos Bons e Esquina). A segunda vira sambinha ultrasutil, a voz sussurrada entre flautinhas e uma batucada em surdina. (Interessados em comprar o CD devem entrar em contato pelos telefones 081-xx-9958-4333 ou 081-xx-9242-9172.)(Marco Antonio Barbosa)
Assim, a estreante arrisca um inovador drum'n'bass, inusitadamente orgânico e "humano" (pelas batidas tocadas "na mão") em Pés a Jato, Toca Pra Zumbi, e na ótima versão de O Filho Predileto de Xangô, de Jorge Mautner (feiamente grafado na contracapa e encarte como "Maltner"). Escava as raízes do batuque em Samba 104, na qual breakbeats eletrônicos convivem com cavaquinho. O trip hop baixa na bela No Céu da França, que leva a assinatura de Zé Brown, do Faces do Subúrbio, e também na faixa-título, com letra em inglês e português. A relação com o manguebeat se explicita nos covers de Destruindo a Camada de Ozônio, do mundo livre, e Eu Tenho Pressa, de Canibal (do grupo hardcore Devotos). A primeira ganhou uma batida irresistível, mesclada com scratches de hip hop e fraseados de trompete, tornando o que era "molenga" e jorgebeniano na versão original em uma espécie de acid jazz recifense (num estilo também audível em Amigos Bons e Esquina). A segunda vira sambinha ultrasutil, a voz sussurrada entre flautinhas e uma batucada em surdina. (Interessados em comprar o CD devem entrar em contato pelos telefones 081-xx-9958-4333 ou 081-xx-9242-9172.)(Marco Antonio Barbosa)
Faixas