BICHO DE SETE CABEÇAS
Arnaldo Antunes (2001)
Crítica
Cotação:
A contundência das imagens do filme Bicho de Sete Cabeças - que trata das desventuras de um jovem problemático que é internado pelo pai em um manicômio - contagia sua respectiva trilha sonora, que mistura temas originais de André Abujamra com quatro canções (e mais um remix) de Arnaldo Antunes. A diretora Laís Bodansky também incluiu duas músicas feitas especialmente para a trilha e outras duas pinçadas de discos alheios. O resultado é um álbum incômodo, claustrofóbico, desagradável até. E essas são as maiores qualidades do disco.
Nas curtas faixas instrumentais (entremeadas com diálogos sampleados do filme), Abujamra esbanja criatividade - e um certo senso de morbidez. Brinca de drum'n'bass distorcido, em Abertura e Corredor; aproxima-se de um tenebroso tom industrial com Eletrochoque e Fuga (que lembra algo do grupo americano Nine Inch Nails), No Ponto de Ônibus e Refeitório, estas últimas especialmente desoladoras. Abujamra apreendeu muito bem a barra-pesada do filme e construiu um painel sonoro perturbador, que casa bem com o drama descrito na tela.
As canções de Arnaldo (que, segundo a diretora, foram uma das inspirações para o roteiro) também se encaixam nessa viagem de loucura. Laís Bodansky sacou algumas das criações mais down do ex-Titãs para o CD: Carnaval e É Só (ambas do álbum Nome, de 93), com seus vocais soturnos e seu minimalismo instrumental, dão o tom depressivo do filme. A (suposta) esquizofrenia do personagem principal ganha vida na letra de Fora de Si, pauleira saída do álbum Ninguém CD: . O único refresco (em termos) é O Seu Olhar, com seus vocais menos amargos e sua letra romântica.
O resto do álbum não abaixa a guarda. O grupo de rap Zona Proibida mergulha num pesadelo movido a crack na ótima O Caminho das Pedras; há a pura distorção, também com vocal rap, do Infierno (na turbulenta Satélites); e Zeca Baleiro se redime em uma bela versão para Bicho de Sete Cabeças (renomeada Bicho de Sete Cabeças II), mais conhecida com Geraldo Azevedo - destaque para o violão de Emerson Villani. Enfim, um disco feito para sonorizar uma viagem a um inferno na Terra. E que dá conta desse recado, sem perder de vista a beleza, ainda que sombria.(Marco Antonio Barbosa)
Nas curtas faixas instrumentais (entremeadas com diálogos sampleados do filme), Abujamra esbanja criatividade - e um certo senso de morbidez. Brinca de drum'n'bass distorcido, em Abertura e Corredor; aproxima-se de um tenebroso tom industrial com Eletrochoque e Fuga (que lembra algo do grupo americano Nine Inch Nails), No Ponto de Ônibus e Refeitório, estas últimas especialmente desoladoras. Abujamra apreendeu muito bem a barra-pesada do filme e construiu um painel sonoro perturbador, que casa bem com o drama descrito na tela.
As canções de Arnaldo (que, segundo a diretora, foram uma das inspirações para o roteiro) também se encaixam nessa viagem de loucura. Laís Bodansky sacou algumas das criações mais down do ex-Titãs para o CD: Carnaval e É Só (ambas do álbum Nome, de 93), com seus vocais soturnos e seu minimalismo instrumental, dão o tom depressivo do filme. A (suposta) esquizofrenia do personagem principal ganha vida na letra de Fora de Si, pauleira saída do álbum Ninguém CD: . O único refresco (em termos) é O Seu Olhar, com seus vocais menos amargos e sua letra romântica.
O resto do álbum não abaixa a guarda. O grupo de rap Zona Proibida mergulha num pesadelo movido a crack na ótima O Caminho das Pedras; há a pura distorção, também com vocal rap, do Infierno (na turbulenta Satélites); e Zeca Baleiro se redime em uma bela versão para Bicho de Sete Cabeças (renomeada Bicho de Sete Cabeças II), mais conhecida com Geraldo Azevedo - destaque para o violão de Emerson Villani. Enfim, um disco feito para sonorizar uma viagem a um inferno na Terra. E que dá conta desse recado, sem perder de vista a beleza, ainda que sombria.(Marco Antonio Barbosa)
Faixas