BIS - DALVA DE OLIVEIRA
Dalva de Oliveira (2000)
Crítica
Cotação:
Há exatos 28 anos, Dalva de Oliveira nos deixava. Uma cantora que, quanto mais sofrida a música, mais linda ficava em sua voz cortante. Podemos dizer sem exageros que Dalva é a nossa Edith Piaf. Assim como a diva da chanson française, Dalva também tinha agudos, interpretações angustiantes, ambas foram pobres na infância, viveram romances conturbados e terminaram a vida ao lado de homens que tinham idade para ser seus filhos. Se Piaf ficou vinculada à alma da França, Dalva foi o retrato de uma época no Brasil. Uma das cantoras de maior empatia com o público que se tem notícia, Dalva registrou sucessos imortais, como Que Será?, Tudo Acabado, Ave Maria, Estrela do Mar, Segredo, Kalu, Olhos Verdes, Errei Sim, Máscara Negra, Bandeira Branca – todas incluídas na compilação dupla da série Bis. A caixa A Rainha da Voz, editada há três anos com o melhor de sua obra, já está fora de catálogo, então, trata-se de uma rara oportunidade de ter alguns dos melhores momentos da cantora a preço barato (os dois discos são vendidos pelo preço de um). Além do mais, há quatro canções que não estavam na caixa, todas raras. A melhor delas é a valsa O Rouxinol (El Cardenal), gravada em compacto. Uma coisa de louco! O belo bolero Sete Notas de Amor (Siete Notas de Amor), de um de seus dois LPs dedicados ao gênero, também foi incluído. Pena que os tangos que Dalva gravou também em dois discos com a orquestra de Francisco Canaro ficaram de fora do CD (vale lembrar que ela chegou a se casar com um argentino nos anos 50, morou em Buenos Aires e consagrou-se naquele país). As duas outras faixas raras são também boleros: Você Mudou Demais (do repertório de Cláudia Barroso) e Depois do Amor (Y Después del Amor) – faixas de 1971, alguns de seus derradeiros registros que soam simpáticos, mas que com qualquer outra cantora seriam enfadonhos, dada a breguice das músicas. Enfim, enquanto a EMI não se digna a relançar seus álbuns originais ou desencavar mais pérolas dos velhos 78 rpm, vale se emocionar com essas 28 criações da monstra sagrada da MPB.(Rodrigo Faour)
Faixas
24
Errei, sim