BIS - DOLORES DURAN
Dolores Duran (2000)
Crítica
Cotação:
Dolores Duran (Adiléia Silva da Rocha, 1930-1959) entrou para a galeria da MPB emoldurada pelo rótulo de cantora/autora de sambas-canções de dor de cotovelo. O CD duplo da série BIS (EMI) dedicado a ela explode a moldura e fornece novos contornos para o perfil dessa grande artista. Crooner de carreira, ela gravou todo tipo de repertório e não se negou a cantar em outras línguas. Entre as 28 faixas da seleção ela exibe impecáveis pronúncias em italiano (na brega Nel Blu Dipinto di Blu), castelhano (no bolero Que Murmurem e na rumba salseira Ave Maria Lola) e inglês (numa pálida versão do rock balada Only You, sucesso dos Platters e numa ótima My Funny Valentine, com direito a rara introdução). Mas é na área brasileira que a "enfossada" Dolores (que permitia aos íntimos o apelido gozador de Bochecha por causa do rosto redondo) surpreende ainda mais. Para começar, seus clássicos lamentos de abandono (Fim de Caso, Solidão, Não Me Culpes, Por Causa de Você, esta com o parceiro Tom Jobim) confrontam o otimismo de seu hino amoroso A Noite do Meu Bem. E até o humor um tanto machista de Coisas de Mulher (Chico/ Baiano).
A intérprete de petardos amorosos alheios como Canção da Volta (Ismael Neto/ Antônio Maria), Bom É Querer Bem (Fernando Lobo) e Estranho Amor (rara parceria da sumidade do violão moderno Garoto e o jornalista David Nasser) saía-se muito bem nos sincopados de balanço & crítica social do ex-namorado Billy Blanco, que ela lançou em Camelô, Pano Legal e Estatuto de Boate. A picardia de Noel Rosa (Conversa de Botequim com Vadico) e a ginga de Geraldo Pereira (Escurinho) também caíram bem em sua voz maleável. Mas o mais curioso é o ramal nordestino de seu repertório, representado por uma obscura Minha Toada (parceria com Edson França), além do Luiz Vieira de Na Asa do Vento (com João do Vale) e Estrada da Saudade (com Max Gold), e do baião A Fia de Chico Brito, do comediante Chico Anísio, que ela interpreta carregando no sotaque matuto. A Dolores de (maus) amores, era também de (bons) humores. (Tárik de Souza)
A intérprete de petardos amorosos alheios como Canção da Volta (Ismael Neto/ Antônio Maria), Bom É Querer Bem (Fernando Lobo) e Estranho Amor (rara parceria da sumidade do violão moderno Garoto e o jornalista David Nasser) saía-se muito bem nos sincopados de balanço & crítica social do ex-namorado Billy Blanco, que ela lançou em Camelô, Pano Legal e Estatuto de Boate. A picardia de Noel Rosa (Conversa de Botequim com Vadico) e a ginga de Geraldo Pereira (Escurinho) também caíram bem em sua voz maleável. Mas o mais curioso é o ramal nordestino de seu repertório, representado por uma obscura Minha Toada (parceria com Edson França), além do Luiz Vieira de Na Asa do Vento (com João do Vale) e Estrada da Saudade (com Max Gold), e do baião A Fia de Chico Brito, do comediante Chico Anísio, que ela interpreta carregando no sotaque matuto. A Dolores de (maus) amores, era também de (bons) humores. (Tárik de Souza)
Faixas