BIS CANTORES DO RÁDIO - DIRCINHA BATISTA
Dircinha Batista (2000)
Crítica
Cotação:
Pela primeira vez uma grande gravadora lança um CD de Dyrcinha Batista, cantora de grande popularidade nos anos 40 e início dos 50. De voz mais melodiosa que a da irmã, Linda, ela foi a pioneira em cantar em vários idiomas, seja no rádio, no cassino ou nos shows abertos ao grande público. Na coletânea Bis, as 28 faixas escaladas não trazem essa sua versatilidade em línguas, a não ser a híbrida La Vie en Samba, divertida resposta musical a La Vie en Rose gravada três anos depois da original de Édith Piaf, em 1950 (depois foi regravada por Lana Bittencourt nos anos 50). Em compensação, em termos de música brasileira, ela foi especialmente boa em marchas, sambas sincopados ou canções, de autores do maior gabarito. Lupicínio Rodrigues, Marino Pinto, Wilson Batista, Nássara, Vicente Paiva, Custódio Mesquita, J. Cascata, Benedito Lacerda, David Nasser, Garoto, Dunga, Haroldo Lobo, Ary Barroso, Klecius Caldas, Armando Cavalcanti, Pedro Caetano, Roberto Martins, Geraldo Medeiros... Dyrcinha gravou os melhores de seu tempo. Na maior parte, a coletânea traz gravações justamente dos anos 40 - o auge de sua carreira.
Na seara romântica, sua voz desce suave em petardos como Nunca (de Lupicínio Rodrigues, lançada por ela em 1952), Vulto, Adeus, ou na belíssima melodia de Garoto, Estranho Amor (regravada em versão luxuosa por Dolores Duran anos depois). Dyrcinha consegue uma brejeirice dignas de Carmen Miranda e Aracy de Almeida nos sambas Inimigo do Batente, Não Chora, Violão que Chora ou Justiça e nos faz voltar à infância e lembrar de dançar quadrilha ao som de O Sanfoneiro Só Tocava Isso, que já animou sucessivas festas juninas em infinitas versões. Mas a primeira gravação foi a dela, em 1950.
Um dos grandes trunfos de Dyrcinha sempre foi o carnaval. Suas músicas já fizeram a alegria de milhares de foliões, isto desde o começo de sua carreira, tanto que dois de seus primeiros sucessos foram carnavalescos: Periquitinho Verde (1938) e Upa! Upa! (Meu Trolinho) (1940). Mas ela também fez sucesso com os sambas A Coroa do Rei ("Não é de ouro nem de prata/ Eu também já usei e sei que ela é de lata") e Máscara da Face ("Deixou cair a máscara da face/ Mostrou por fim que nunca teve face"), além de marchas como Oh! Tirolesa ("Sei que tu moras no subúrbio da central/ Oh! Tirolesa/ Eu te conheço desde o outro carnaval"). Mesmo depois de deixar a Odeon e a RCA Victor, Dyrcinha (bem como sua irmã) continuavam sendo lembradas na época do carnaval, gravando marchas e sambas nos discos que cada gravadora dedicava ao gênero nos anos 60 e 70 - seu último sucesso foi O Primeiro Clarim ("Hoje eu não quero sofrer/ Hoje eu não quero chorar"), no carnaval de 1970, dois anos antes de se retirar definitivamente da cena artística.
Esse CD nos faz descobrir também pérolas - hoje obscuras - como as marchas Acredite Quem Quiser ("Não existe invenção mais bela/ O homem fala, fala da mulher/ Mas não pode ficar sem ela"), Na casa do Seu Thomás ("Quem grita é que manda mais") e Casinha de Bambu (Um, dois, três/ Quatro, cinco, seis/ Sete, oito, nove para doze faltam três") ou o samba Se Eu Tivesse um Milhão ("Não comia mais feijão/ Dava um chute no patrão"). Trata-se de um belíssimo painel dessa diva esquecida da MPB. Uma diva que foi rica e famosa e morreu louca e na miséria, internada num sanatório por não suportar o ostracismo ao qual foi relegada.(Rodrigo Faour)
Na seara romântica, sua voz desce suave em petardos como Nunca (de Lupicínio Rodrigues, lançada por ela em 1952), Vulto, Adeus, ou na belíssima melodia de Garoto, Estranho Amor (regravada em versão luxuosa por Dolores Duran anos depois). Dyrcinha consegue uma brejeirice dignas de Carmen Miranda e Aracy de Almeida nos sambas Inimigo do Batente, Não Chora, Violão que Chora ou Justiça e nos faz voltar à infância e lembrar de dançar quadrilha ao som de O Sanfoneiro Só Tocava Isso, que já animou sucessivas festas juninas em infinitas versões. Mas a primeira gravação foi a dela, em 1950.
Um dos grandes trunfos de Dyrcinha sempre foi o carnaval. Suas músicas já fizeram a alegria de milhares de foliões, isto desde o começo de sua carreira, tanto que dois de seus primeiros sucessos foram carnavalescos: Periquitinho Verde (1938) e Upa! Upa! (Meu Trolinho) (1940). Mas ela também fez sucesso com os sambas A Coroa do Rei ("Não é de ouro nem de prata/ Eu também já usei e sei que ela é de lata") e Máscara da Face ("Deixou cair a máscara da face/ Mostrou por fim que nunca teve face"), além de marchas como Oh! Tirolesa ("Sei que tu moras no subúrbio da central/ Oh! Tirolesa/ Eu te conheço desde o outro carnaval"). Mesmo depois de deixar a Odeon e a RCA Victor, Dyrcinha (bem como sua irmã) continuavam sendo lembradas na época do carnaval, gravando marchas e sambas nos discos que cada gravadora dedicava ao gênero nos anos 60 e 70 - seu último sucesso foi O Primeiro Clarim ("Hoje eu não quero sofrer/ Hoje eu não quero chorar"), no carnaval de 1970, dois anos antes de se retirar definitivamente da cena artística.
Esse CD nos faz descobrir também pérolas - hoje obscuras - como as marchas Acredite Quem Quiser ("Não existe invenção mais bela/ O homem fala, fala da mulher/ Mas não pode ficar sem ela"), Na casa do Seu Thomás ("Quem grita é que manda mais") e Casinha de Bambu (Um, dois, três/ Quatro, cinco, seis/ Sete, oito, nove para doze faltam três") ou o samba Se Eu Tivesse um Milhão ("Não comia mais feijão/ Dava um chute no patrão"). Trata-se de um belíssimo painel dessa diva esquecida da MPB. Uma diva que foi rica e famosa e morreu louca e na miséria, internada num sanatório por não suportar o ostracismo ao qual foi relegada.(Rodrigo Faour)
Faixas
DISCO 1
DISCO 2